Nem sempre é preciso visitar um museu para apreciar uma obra de arte. Desde o último domingo, quem passa pela Praça Osório, no centro de Curitiba, tem a oportunidade de admirar a instalação Olho D?Água, da artista plástica mineira Márcia Xavier, que vive em São Paulo e trabalha com o tema da vertigem.
Há alguns anos, Márcia enxergou imagens distorcidas na cobertura de um prédio após um dia de chuva forte. A cena ficou em sua cabeça e, tempos depois, ela resolveu transformá-la em obra de arte. O resultado foi Olho D?Água, uma lente de aumento feita com plástico e água, através da qual o público pode enxergar a cidade.
?A lente amplia o ambiente urbano, distorce as imagens e provoca sensação de vertigem. Quem olha através dela tem a oportunidade de pensar sobre sua relação com a cidade, enxergando-a sob diferentes ângulos?, diz a artista.
Em dias de céu claro, quem olha com atenção também consegue enxergar as cores do arco-íris. Ontem de manhã, a aposentada Cristina Mureri, que passeava pela Osório, teve este privilégio e ficou encantada. ?É lindo demais. Esta obra podia ficar aqui na praça para sempre. Eu iria passar todos os dias para olhar. Dá para enxergar diversas coisas, basta mudar um pouquinho o ângulo de visão.?
Márcia, que também tem obra exposta no Memorial de Curitiba, não esconde que gosta de expor seu trabalho em espaços públicos e se sente recompensada com a reação dos transeuntes diante de sua obra. ?Na praça, consigo levar a arte para mais perto da população, permitindo que um número maior de pessoas interaja com ela. Os museus geralmente são mais fechados e elitistas.?
A obra fica na praça até dia 28 de novembro e faz parte da 4.ª VentoSul – Mostra Latino-Americana de Artes Visuais, que está sendo realizada no Museu de Arte Contemporânea do Paraná, na Casa Andrade Muricy, no Museu de Arte da Universidade Federal do Paraná e no Memorial de Curitiba. Com o tema ?Narrativas Contemporâneas?, a mostra reúne obras de 37 artistas de sete países da América Latina. A partir do próximo mês de março, irá percorrer quatro capitais brasileiras.
