As pessoas plantavam o milho, utilizavam-no para consumo e alimentação dos animais. O sabugo do milho teve uma utilidade ímpar. Era usado na higiene pessoal. Mara Solange Pepplow Purkotte, pedagoga, professora da Escola Municipal Jardim Taiza.

continua após a publicidade

Existem fatos da vida que são esquecidos, outros ficam no imaginário social porque são interessantes e muitas vezes curiosos. Em 2004, estudantes da Escola Estadual Rosa Frederica Johnson, turno matutino, pesquisaram algumas curiosidades do bairro Cachoeira, Almirante Tamandaré-PR.

Washington Frederico Vargas, 8.ª A, conversou com Juvenal Pinto Camargo, 83, que é um dos mais antigos moradores do bairro. Vargas nasceu aos 5 de outubro de 1922, em Capivara dos Manfron, registrado no bairro Tranqueira, Almirante Tamandaré.

Nessa cidade, Juvenal trabalhou na guarda civil e na Polícia Civil. Tinha o hábito de levantar bem cedo para ir a pé ao trabalho, pois antigamente não tinha ônibus no Cachoeira. Fazia rondas de bicicleta porque no matagal não tinha a quem prender. Tinha roça, plantava feijão, plantava milho e grama para ajudar no orçamento da casa. Animado, ele costuma dizer: ?Eu tenho orgulho do Cachoeira, aqui eu sou o dono do pedaço?.

continua após a publicidade

Segundo Sarita Kanutta, 7.ª B, houve uma época em que os pães eram assados em formigueiros, de 1m de altura. Fazia-se um buraco arredondado na frente e um pequeno atrás do formigueiro. O fogo era feito matando as formigas e assim o pão era assado.

Estudantes da 7.ª entrevistaram Eloina Faria Leite, residente no bairro há 46 anos. Leite disse que as ruas eram todos carreiros. Tinha muito mato. Água só de mina e de poço. As casas eram distanciadas umas das outras, duas a três quadras de distância. Tinha charrete, chumbica e carroça.

continua após a publicidade

No tocante ao trabalho, Eloina lembra que não tinha essa de jovens não trabalharem. A partir dos seis anos as crianças iam com os pais na roça para plantar, carpir, arar a terra e roçar e cortar lenha. O fogão era a lenha.

Aline Cristine Silva Tescka, 6.ª A, esteve com Estefano Milek, 56, que declarou: Quando eu vim para cá, em 1971, havia um povoado pequeno de mais ou menos 50 famílias. Naquele tempo havia apenas dois comércios: Vitor Franco de Macedo Armazém de secos e molhados e Armazém de secos e molhados Milek, fundado aos 4 de novembro de 1971?.

Andressa Cristina, Flávia Carolina, Jéssica Taísi, 8.ª A, contataram Carolina Pavoni, que negou a existência de açougue. A pessoa responsável pela morte dos animais era o João Peixeiro, em local não declarado.

Eduardo dos Santos Guedes, Pamela Karol Corrêa, Sarita Kanutta, Sheila Aparecida Ferreira, Vanessa de Paula da Silva, 7.ª B, conversaram com o casal Valdenir da Silva e Márcia Aparecida de Paula. Conta-se que uma moça foi estuprada e assassinada por um policial no mato. Quando viva, queria se casar de branco e virgem. Falavam que quem entrasse naquele mato a encontravam trajada de branco.

Foi narrado também que uma moça loira, bonita, na estrada, pedia carona aos taxistas. Certo dia, um taxista parou e deu carona à moça. Quando o taxista olhava para trás, não tinha ninguém em seu táxi. Diziam que ela foi assassinada. Em noite de lua cheia, ela sempre aparecia para assombrar os taxistas e caminhoneiros.

PS: O ensino de história, a partir da realidade, promove o intercâmbio de experiências, uma vez que insere comunidade, professor e aluno no processo-aprendizagem. Esta circularidade de conhecimentos estimula e propicia a prática democrática. Nesta prática o educador é convidado a aprender e a sair da comodidade.

Jorge Antônio de Queiroz e Silva é pesquisador, historiador, professor. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

queirozhistoria@terra.com.br