Cultura para todos, de todos os lugares

Superar o apartheid cultural que impera no País e buscar a “cara” do Brasil, sem esquecer das gigantescas diferenças regionais. Essa é a linha do programa cultural do Partidos dos Trabalhadores (PT), intitulado A Imaginação a Serviço do País, finalizado nos últimos 90 dias a partir de diversos ciclos de encontros que percorreram as regiões brasileiras e suas diversidades.

O lançamento nacional do programa foi promovido na última terça-feira, no Rio, e reuniu mais de 1500 representantes da classe artística. Ontem o programa foi apresentado para os curitibanos no Teatro da Reitoria pelo coordenador cultural do programa petista, Hamílton Pereira, poeta e diretor da Fundação Perseu Abramo.

Hamílton disse que o governo Lula alteraria a política de incentivos fiscais para financiamentos da cultura.

“Vamos manter as leis de incentivo”, prometeu. “Só que os últimos governos têm investido mas não têm opinado sobre o destino da verba. Temos de repensar nisso, afinal são as estatais que patrocinaram boa parte das produções artísticas recentes”. Segundo ele, um maior controle de governo federal poderia reverter a centralização de incentivos culturais na região sudeste. “Atualmente 84% do dinheiro fica no eixo Rio-São Paulo”, explicou.

Além da redistribuição dos incentivos renda, o programa petista prevê a ação do governo federal nos municípios de todo país. A idéia é montar centros culturais em todas as cidade. Hamílton reconhece que a verba comumente destinada para o Ministério da Cultura tende a ser “ridícula?, mas aposta nas parcerias para enfrentar a falta de recursos. “Temos de atuar com os municípios, os estados, a escola, a universidade e a iniciativa privada”, propõe.

Potencialidades

O coordenador cultural do PT diz que a descoberta das potencialidades locais passa pelo cumprimento da Constituição que determina a regionalização de 30% da programação. “As tevês educativas serão essenciais para isso”, diz. “O objetivo é mostrar as coisas de cada Estado, de cada região e não imitar o que vem da TV aberta.”

A cara do Brasil nas telas

Guilherme Voitch

A Agência Nacional de Cinema (Ancine) será uma das prioridades da política cultural do governo Lula. Hamílton não hesita ao reconhecer o mérito da gestão Fernando Henrique Cardoso no renascimento das produções nacionais, mas lembra que apesar da melhora da qualidade técnica, o público continua sem muita boa-vontade com o cinema nacional.

“O Collor acabou com nosso cinema”, reclama Hamílton, que defende uma melhora na distribuição e exibição dos filmes. “Com o Fernando Henrique houve um aumento sensível na qualidade das produções nacionais, mas 98% do que passa nas nossas telas é de origem americana. Isso não pode mais acontecer porque o País precisa se ver, se conhecer.”

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