Bater à porta do vizinho para pedir uma xícara de açúcar pode levar os moradores de um prédio de Miami a um programa de televisão sem querer. É lá, na cozinha de seu dúplex, que a gaúcha Isa Souza, 38 anos, grava o Isa Vida y Sabor, atração sobre culinária exibida pela Mega TV, canal por assinatura direcionado aos latinos que vivem nos EUA.

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Apesar de gravar no apartamento, ela não sofre com interrupções nem com o barulho dos vizinhos. “Por causa dos furacões, os vidros são mais grossos”, contou à reportagem em rápida passagem por São Paulo. No ar nos EUA e em El Salvador com a terceira temporada do programa, exibido nas tardes de domingo, ela negocia o formato em países europeus, sempre de olho nos imigrantes latinos.

A loira planeja gravar um episódio teste da versão brasileira da atração para oferecer às emissoras, porém, explica que é mais difícil produzir no País. “O custo é muito alto”, justifica ela, que cogitou gravar Isa Vida y Sabor aqui desde o começo. “Para mim era mais fácil lá, pois, já tenho uma equipe que fala espanhol. Aqui, era três vezes mais caro contratar alguém que falasse a língua.”

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Criadora do formato, a gaúcha também é responsável por negociar com os canais. Além de ser apresentadora na Mega TV, Isa é figura fácil na Telemundo, outra emissora latina de Miami. Em 2014, durante a Copa do Mundo, ela produzirá outra atração para a TV norte-americana, em que percorrerá diferentes estados brasileiros para contar a história da culinária local.

Mesmo com uma audiência segmentada, a loira não prepara receitas típicas latinas. “Meu público é a segunda geração dos latinos que vieram para os EUA. Também não faço comida brasileira, preciso usar ingredientes que eles possam encontrar lá. Procuro coisas do dia a dia”, conta ela, que faz questão de não usar figurino branco de chef. “Eu me visto com roupas normais para criar proximidade com as pessoas.”

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Acaso. Viver de receitas não estava nos planos de Isa Souza. Advogada especialista em agrobusiness, ela saiu do País em 2004 para fazer mestrado na Espanha. Na Europa, se apaixonou por um brasileiro que morava em Miami. Ao concluir os estudos, se mudou com a filha para o outro lado do Atlântico, mas não pôde exercer a profissão por causa da diferença das leis norte-americanas.

O marasmo em casa acabou quando uma caixa com o resto dos objetos pessoais chegou do Brasil. “Eram umas receitas que a minha filha havia escrito para um trabalho de escola e decidi fazê-las”, relembra. Em seguida, a loira preparou doces para a festa de uma vizinha. “Havia um produtor de TV lá. Ele começou a provar. Depois, ele falou que eu poderia ter um programa só meu. No início, fui resistente. Tinha pavor. Tem essa coisa do: ‘Você é bonita, pode ir para a TV’. Eu queria ter alguma substância, algo para dividir.”

Em 2010, Isa gravou um piloto, mas ficou com o pé atrás. “Fiz um contrato dizendo que aquilo nunca poderia ser divulgado. Levei para um conhecido que trabalhava com TV para ele avaliar”, diz. No evento de lançamento, a gaúcha ficou tensa ao se ver no telão de um restaurante, onde nem todos eram convidados. “As pessoas me reconheceram. Eu queria morrer de tanta vergonha.”

Hoje desinibida, ela terá um momento de descontração na próxima temporada do programa. Assim como Ana Maria Braga tem o Louro José, Isa vai dividir a cena com Chico, um macaco de pelúcia com quem conversará. O mascote acompanha nas viagens entre EUA e Brasil e virou hit nas fotos que ela posta nas redes sociais. “E ele só viaja de primeira classe.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.