Era para o espetáculo Guerra Sem Batalha ter estreado no Espaço Cênico Ademar Guerra. A montagem do Les Commediens Tropicales havia sido concebida para o local, conhecido como Porão, do Centro Cultural São Paulo (CCSP), mas a reforma com entrega prevista para outubro de 2014 se estendeu até o começo de 2015 e obrigou a companhia a se apresentar no espaço anexo, a Sala Adoniran Barbosa. Desde então, o espaço de 1.074 metros quadrados não recebeu mais nenhum espetáculo e, no último mês, completou dois anos sem atividades. De acordo com o diretor do CCSP, Pena Schmidt, o Porão precisou passar por uma ampla reforma. “Realizamos serviços de pintura, instalação de alarme de incêndio e sinalização de emergência”, contou, em entrevista ao Estado. Na última semana, o CCSP completou 34 anos.

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No entanto, as intervenções não foram o bastante para manter a extensa programação de dança, teatro e música, pois o Porão ainda necessita da instalação de uma grelha cênica, um aparato para abrigar refletores e cabos de energia. “É um equipamento feito sob medida, dada as dimensões do Porão”, explica. O diretor acrescenta que o projeto avaliado em R$ 800 mil teria sido encaminhado no fim do ano passado para a secretária municipal de cultura, Maria do Rosário Ramalho.

De acordo com a secretária, a solicitação aguarda a abertura do sistema de cotas pela Secretaria de Finanças, procedimento realizado para acolher as solicitações de reforma. Ela acrescenta que o sistema funciona de maneira programada e que não é possível saber, com clareza, quando o projeto será incluído. “Mas temos prioridade, pois o espaço é muito procurado.”

Antes de receber espetáculos, o Porão funcionava como espaço técnico para estoque e armazenamento de equipamentos. As primeiras montagens foram apresentadas a partir dos anos 1990, quando o Porão era chamado de Piso 796. Entre as grandes colunas passaram peças como A Vitória sobre o Sol (1995), dirigida por Renato Cohen. “Percebemos o grande potencial para montagens experimentais”, diz Schmidt. Mais tarde, foram apresentados espetáculos memoráveis como O Duelo (2013), estrelado por Camila Pitanga com a Mundana Companhia, e Luis Antonio-Gabriela, da Cia. Mungunzá, em 2011. O diretor da peça, Nelson Baskerville, recorda que o espaço influenciou a maneira de narrar a história do irmão travesti que se mudou para Espanha, a fim de trabalhar em boates gays, e morreu aos 53 anos, vítima de aids. “A peça era sobre uma autoinvestigação e trazia muitos depoimentos. A arquitetura antiga e escura do Porão nos guiou na melhor maneira de contar esses relatos. A temporada foi um sucesso e todas as sessões estavam lotadas”, lembra. “É um espaço mais que necessário para o teatro paulistano.”

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Para tentar reduzir o prazo da obra, Maria do Rosário conta que também haveria uma segunda opção de solicitar recursos federais. “Diante da situação política do País, pensamos que isso poderia demorar muito.” Aprovada a solicitação, o prazo de execução, entrega e instalação da grelha cênica pode levar cerca de três meses, informou a secretária. “Não temos a intenção de fechar teatros ou espaços culturais. Queremos todos funcionando”, diz, citando as recentes reformas do Teatro Paulo Eiró, Teatro Flávio Império e Teatro Arthur Azevedo.

Contudo, o prazo de entrega vai impedir que o Espaço Cênico Ademar Guerra abrigue espetáculos da XI Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo, realizada no início do segundo semestre. De acordo com Maria do Rosário, a programação será integrada em outros teatros do município.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.