11 de novembro. Domingo, pouco mais de sete horas da manhã. Como sempre, levantei para ir buscar meu jornal, na revistaria da esquina.
Bem ao lado do meu prédio, funcionava uma lanchonete, o dono sempre solícito atendendo os clientes, e eu o via, quase todos os dias, escrevendo na placa ao lado da porta o cardápio do dia.
Naquela manhã de domingo, ao sair pra rua, vi um homem negro parado na calçada bem defronte a lanchonete, que, ao me ver, chamou-me pelo nome e pediu ajuda! Estaquei. Eu só o reconheci quando ele tornou a pedir ajuda. Corri assustada, chorando muito entrei na revistaria pedindo que socorressem o Vilmar, o dono da lanchonete… Ele estava negro devido a tantos hematomas; muito sangue por toda parte. Um pedaço de pau fora usado para a agressão, depois deixado em cima de uma mesa.
A polícia foi acionada. Enquanto isso, a pedido do Vilmar, telefonei para as suas auxiliares que logo chegaram e se assustaram ao vê-lo todo deformado, irreconhecível!
Os vizinhos foram chegando, oferecendo ajuda, inconformados com tanta violência. Formou-se um grupo. Uma vizinha trouxe uma muda de roupa limpa e um analgésico, pois ele se recusava a ir para o hospital.
Uma senhora desconhecida, pelo jeito, nova moradora do prédio ao lado, chegou e passou a ?comandar? a situação, achando que estávamos à sua espera para deliberar o que fazer…
Por fim, depois de muita insistência, ele aceitou ir para o hospital. E o Ari, que tem uma oficina de alfaiate do outro lado da rua, levou-o para o hospital do Cajuru…
Dia seguinte, segunda-feira, as duas funcionárias lavaram, limparam tudo, mas estão muito assustadas com a situação.
Margarita Wasserman – Escritora e membro do Instituto H. e Geográfico do Paraná