Crise na Sinfônica Municipal opõe músicos e maestro

O Teatro Municipal de São Paulo completa 100 anos em março de 2011 – e, nos bastidores, boatos dão conta de uma festa de arromba sendo aprontada. A dúvida é se o salão estará em ordem a tempo. Músicos da Sinfônica Municipal, após assembleia, acabam de pedir a saída do maestro Rodrigo de Carvalho do posto de regente titular; em resposta, concertos até agosto foram cancelados, resgatando o fantasma dos contratos precários de trabalho dos artistas. Além disto, representantes dos demais corpos estáveis da casa questionam a ausência de um diretor artístico no projeto que prevê a transformação do Municipal em uma fundação; e as últimas estimativas sobre a obra pela qual passa o Municipal preveem que o teatro somente será reaberto em julho de 2011.

Carvalho ocupava o posto de regente-assistente da Sinfônica Municipal, trabalhando ao lado do então titular José Maria Florêncio, que deixou o cargo no fim de 2008. Passou, então, por meio de uma portaria de designação, a desempenhar as funções de regente titular. Na carta enviada ao prefeito Gilberto Kassab, ao secretário Carlos Augusto Calil, a Carvalho e à diretora do Municipal, Beatriz Amaral, o grupo de spallas da sinfônica escreve que os músicos aceitaram a decisão por acreditarem ser uma solução provisória. “Com a extensão desse prazo, acumularam-se as evidências da limitada competência artística do maestro Rodrigo de Carvalho. (…) Além disso, as interferências unilaterais do maestro na hierarquia artística interna da orquestra, juntamente à restrição do diálogo com os representantes artísticos da orquestra, causaram uma deterioração contínua do clima de trabalho, chegando a um ponto de insustentabilidade.”

Por conta disso, fizeram uma eleição interna, com voto secreto. Das 112 vagas, três não estão preenchidas e, descontadas ainda as cinco abstenções, foram 104 os votantes. Destes, 10 votaram nulo, levando a um total de 94 votos válidos; 88 optaram pela não permanência de Carvalho; quatro o referendaram como regente titular; 2 votaram em branco. Dos 88 que querem a saída do maestro, 78 dão como justificativa “questões artísticas e desempenho gerencial”. Os músicos fizeram ainda uma votação para chegar a uma lista tríplice de maestros candidatos ao posto: Luiz Fernando Malheiro, Alex Klein e Carlos Moreno.

Procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, Carvalho preferiu responder às perguntas por e-mail. Apesar dos números da votação, diz que o pedido pela sua saída representa a “vontade individualista de alguns integrantes”; e questiona a presença de questões artísticas como justificativa. “O que está sendo questionado por parte da orquestra não é minha competência artística, mas o fato de ter imprimido à Sinfônica Municipal – um grupo de músicos mantido pela municipalidade para estar à disposição 30 dias por mês, com salários pagos pelo cidadão paulistano – padrões mínimos de qualquer gestão pública, como desconto do dia, por faltas a atividades agendadas com antecedência”, diz. Segundo um representante dos músicos, porém, ninguém questiona a autoridade do maestro, mas, sim, a maneira como ele a tem exercido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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