São 15 horas e o carnavalesco Alexandre Louzada dá entrevistas atrás de um par de óculos bem escuros, esparramado no sofá de uma sala com ar-condicionado potente, que contrasta com o resto do abafado barracão da Beija-Flor. “São para esconder o cansaço. Neste carnaval, a escola vai precisar sair toda de óculos escuros”, brinca. O motivo da exaustão não é só a proximidade do desfile. Neste ano, assim como Louzada, todo o staff do barracão, considerado o mais eficiente da Cidade do Samba, está à beira do esgotamento, por conta do trabalho dobrado nesta reta final.

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Motivo: por falta de dinheiro e também de materiais à disposição no mercado (penas, plumas e tecidos, vindos da Ásia e África), reflexo da crise financeira mundial, a bicampeã da elite carioca, máquina de ganhar carnaval, perdeu um mês inteiro de trabalho. Há dez dias, quando o Estado visitou o barracão, ainda se viam carros alegóricos na fase de soldagem de estruturas e colocação de placas de madeira. Pelo cronograma seguido anualmente, pelo menos cinco deles deveriam estar finalizados, a ponto de entrar no Sambódromo.

“Já era para estarmos fazendo o acabamento de todos. Se fosse outro ano, eu já estaria bem mais descansado”, conta o carnavalesco, que divide a tarefa de dar vida ao curioso enredo sobre a relação do homem com o banho (No Chuveiro da Alegria, Quem Banha o Corpo Lava a Alma na Folia) com Ubiratan Silva (Bira) e Fran-Sérgio – todos sob a coordenação de Laíla, o xerife que tem três décadas de Beija-Flor. “O atraso assusta um pouco, porque sempre somos a primeira ou a segunda a ficar pronta”, diz Bira. “Mas quando vemos que as outras escolas estão ainda mais atrasadas ficamos tranquilos.”

À exceção de Lousada, que chegou há dois anos, é o mesmo trio que elevou a agremiação de Nilópolis, na Baixada Fluminense, ao status de hoje: escola quase perfeita, merecedora de notas dez inquestionáveis em quase todos os quesitos – em 2008, obteve 399,3 pontos, de 400.

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Foram cinco títulos em seis anos. A Beija-Flor vem de um carnaval redentor, já que, em 2007, surgiram denúncias de que o campeonato tinha sido comprado – logo esvaziadas.

A posição de campeã do ranking da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), com 33 pontos de vantagem sobre a segunda colocada, a Grande Rio, foi alcançada graças à invejada gestão profissional. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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