Gerald Messadié, autor da série Moisés, desta vez escolheu a Atenas dos séculos V e IV a.C., como lugar da ação de Sócrates e Xantipa: Um Crime em Atenas. Uma personagem singular, a esposa de Sócrates, Xantipa, conhecida pela sua personalidade forte e por ter sido uma das megeras da história, encarna o papel do detetive à procura do assassino. O escritor retrata a era de ouro da democracia e das artes atenienses, marcada, porém, por escândalos e espionagem.
A sociedade local orgulhava-se de ser o apogeu da cultura helênica, mas a vida democrática da cidade estava sob a permanente ameaça de uma aristocracia que nunca deixou de flertar com o despotismo. Havia também a iminência de uma guerra com a rival Esparta. Quando o assassinato de um dos membros da aristocracia põe em perigo um equilíbrio político já instável, tenta-se impedir o prosseguimento da investigação. Xantipa, contudo, busca o culpado, incute a idéia de encontrar o criminoso, comprometendo com isso toda a sociedade.
Messadié fez emergir uma mulher obstinada e dona de um caráter e de uma retidão exemplares, não apenas para com o marido Sócrates, que a temia, mas também para com as demais celebridades com quem lidava: Péricles, o general-estadista que deu nome ao século em que viveu; Aspásia, a cortesã estrangeira mais célebre da antigüidade, que passou de amante a esposa; Protágoras, a personificação da sabedoria, e Alcibíades, favorito de Sócrates, aventureiro extravagante e herói e vilão ao mesmo tempo. Estaria ele comprometido com o crime?
Gerald Messadié mescla realidade e ficção neste romance histórico e policial, que tem como pano de fundo os eventos que desencadearam a Guerra do Peloponeso. Uma oportunidade ímpar para se aprender um pouco de história. (A obra chega às livrarias através da Bertrand Brasil, 350 páginas.)