Amir Labaki está exultante. Há três anos, em 2015, o Festival Internacional de Documentários “É Tudo Verdade” tornou-se parceiro da Academia de Hollywood na indicação de filmes para concorrer na categoria de curta-metragem. Em todo o mundo, a Academia seleciona essas parcerias – os “Qualifying Festivals” – para ajudar na seleção. A novidade é que outra mudança de regras fez crescer a importância do “É Tudo Verdade” no Oscar.
O festival de Amir Labaki agora vai pré-indicar também os documentários de longa metragem. Dois de longa e dois de curta. Em todo o mundo, são 28 festivais associados, alguns com o direito de indicar apenas um título. O “É Tudo Verdade” indica quatro, e já a partir deste ano.
Isso significa que estão pré-indicados para o próximo Oscar os filmes que venceram as competições do festival internacional de documentários em abril. Na categoria longas, “Auto de Resistência”, de Lula Carvalho e Natasha Neri, venceu a competição nacional, e o dinamarquês “O Distante Latido dos Cães”, de Simon Lereng Wilmont. Ambos estão pré-selecionados, e é importante destacar que “Auto de Resistência” estreou nesta quinta-feira, dia 28.
Com o selo da Academia, é muito provável que mais público se sinta tentado a conferir o filme que desmonta a tese da legítima defesa de muitos crimes cometidos pela Polícia Militar do Rio. Muitos desses casos, sustenta o filme, são assassinatos puro e simples.
“Alice”, de Tila Chitunda, e “Ressonâncias”, de Nicolas Khoury, foram os vencedores de melhor curta, respectivamente, brasileiro e internacional, e também estão pré-indicados.
Em sucessivas entrevistas e manifestações durante o festival, Amir Labaki declarou que nunca teve tanta dificuldade para levantar o patrocínio do evento. A crise atingiu em cheio o “É Tudo Verdade”, mas não a sua qualidade. “Tivemos aumento do número de inscritos e muito mais mídia. A imprensa foi unânime nos elogios à seleção”, disse.
Labaki espera agora que essa nova parceria com o Oscar estimule os investidores para patrocinar o “É Tudo Verdade” do ano que vem. Ele estima que o fato de ser um “qualifying festival” vai aumentar o número de inscrições. “Mais trabalho dá para prever que teremos, com certeza”, finalizou.