Cresce o interesse por filmes desconhecidos

Deve ser resultado do efeito Olga. O novelão de Jayme Monjardim já fez mais de 2,5 milhões de espectadores no País e tem fôlego para ir mais longe. Com a indicação do filme para pleitear uma vaga no Oscar pelo Brasil, cresce o interesse do público pela figura de Olga Benário, a militante comunista que foi mulher de Luiz Carlos Prestes, teve uma filha com ele e foi entregue pela polícia de Vargas aos nazistas. Há um filme alemão sobre Olga Benário. Acrescenta o subtítulo Uma Vida pela Revolução ao nome da famosa revolucionária e integra, na seção Expectativa, a programação do Festival do Rio 2004, ora em desenvolvimento.

Virou um dos filmes mais procurados pelo público, no Rio. Por outro lado, a assessoria do festival informa que é comum a procura de ingressos por filmes de Pedro Almodóvar, por exemplo. As seis exibições de Má Educação já estavam esgotadas antes mesmo que o filme passasse pela primeira vez. De nada adiantou a má receptividade da crítica, que acha, com razão, que Almodóvar, de certo por tratar de um episódio autobiográfico – falando sobre o abuso que sofreu, quando menino, no internato religioso -, dessa vez meteu os pés pelas mãos e se embananou todo.

Olga Benário é um desses miúras que estão estourando no Festival do Rio 2004. O filme de Galip Tyitanir, que mistura documentário e ficção, será exibido hoje no Estação Barra Point para uma platéia que, há dias, já está lotada. Outra grande surpresa do festival foi Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci, aplaudido em cena aberta em todas as cinco exibições que teve. Hilda Santiago, uma das diretoras do evento no Rio, gosta de dizer que o entusiasmo do público é o melhor presente da equipe que dá duro o ano inteiro para fazer um grande festival.

Este fim de semana promete atrações muito especiais. Peter Davis, o diretor de Corações e Mentes – que Michael Moore reverencia como mestre do documentário político -, circula pelo Rio como homenageado deste ano. Hoje, às 20h30, será possível assistir a um de seus trabalhos mais famosos. O Pentágono à Venda provocou polêmica, no começo dos anos 70s, em pleno atoleiro do Vietnã, ao mostrar o que ocorre quando a máquina de propaganda do Departamento de Defesa dos EUA difunde uma cultura das armas para estimular o estado de guerra. Qualquer semelhança com o momento atual é mera coincidência.

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