Coreógrafa propõe reflexão por meio da dança

“Permanecer enquanto tudo se move.” Pode ser definido desta forma o novo trabalho de dança contemporânea da coreógrafa Gladis Tridapalli, intitulado de Samambaia – prima da Monalisa.

O título parece inusitado, mas os dois elementos foram utilizados como referência para a construção do novo trabalho. Eles trazem uma metáfora ao se pensar em ficar estático, mas ao mesmo tempo com indícios de mobilidade: a samambaia sim, a planta mesmo – está sempre parada, sem se mover; já a Monalisa, apesar de estática traz um ar de mobilidade pela maneira ambígua de sorrir. A combinação perfeita para o objetivo de Gladis.

“Os dois elementos são fontes do processo de como pausar, a dificuldade em ficar parado. A Monalisa faz uma pose, mas uma pose relaxada, com ambiguidade, com vida, apesar de parada ela provoca movimento”, explicou.

Segundo Gladis, a ideia inicial era apenas tentar pausas, mas no final o trabalho fechou com movimentos que surgem das pausas. Desta forma, o público deve esperar agradáveis surpresas no espetáculo. “O público vai ver uma dramaturgia corporal e espacial e um diálogo com a luz. Sem falar que ele vai compartilhar de um processo meu muito íntimo”, disse.

O trabalho é o realizado pela bolsa Funarte de estímulo à criação artística categoria dança (coreografia). Para realizá-lo, Gladis e uma equipe fizeram trabalhos de campo como por exemplo entrevistando pessoas nas ruas, perguntando “se você fosse uma samambaia, como você seria?” e fazendo experimentos com alunos de dança da Faculdade de Artes do Paraná (FAP), onde ela leciona. Todo esse processo levou pelo menos seis meses.

Para Gladis, “a dança que está na cena emerge, também, da ação de estar exposto, ser visto e ver (SE) ver. A dança é ação de expor-se no sentido de colocar-se para ser visto, demonstrar os caminhos, escolher o que se deseja ser mostrado, abrir, mas também encontrar os internos, lugares no corpo e no espaço para que a exposição seja possível.

A dança que se apresenta é ação do corpo que cria espaço, acomoda- se para estabelecer relações. O corpo monta suas permanências, formas e espaços”. Gladis dança desde os sete anos de idade, mas como profissional atua há 12. Além de coreógrafa, ela também é professora da FAP.

Serviço

Espetáculo de dança Samambaia – prima da Monalisa. A partir de hoje até 5 de julho de 2009. De quinta a sábado às 20h30 e domingos às 19h, na Casa do Damaceno (Rua 13 de maio, 991 – Centro). Ingressos a R$10 (inteira), à venda no local. Dia 8 de julho. Exposição Samambaia – prima da Monalisa. Das 14h às 18h, na Casa Hoffmann (Rua Claudino dos Santos, 58 – Largo da Ordem). Entrada franca.

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