Em 2006, a Globo resolveu apostar nas colaboradoras Duca Rachid e Thelma Guedes, que teriam a chance de estrear como novelistas independentes na faixa das 6. Apesar de ser a primeira parceria delas, as duas já tinham a sinopse dos sonhos na cabeça. O projeto, no entanto, só se realizaria 5 anos depois, agora, com a estreia de “Cordel Encantado”. Inspiradas em clássicos como “Robin Hood”, “O Homem da Máscara de Ferro” e “A Branca de Neve e os Sete Anões”, elas planejavam mesclar a essência de alguns personagens dessas obras com dois temas comuns da história do povo brasileiro: o sertão nordestino e as realezas que por aqui passaram.
A demora para a novela sair do papel e ir para a telinha ocorreu porque, na época, a Globo alegou já ter produzido muitas tramas de temáticas semelhantes. A dupla de autoras escreveu, então, “O Profeta” (2006) e, na sequência, “Cama de Gato” (2009). Com os folhetins, elas trouxeram estabilidade de audiência para o horário das 6h. A primeira trama alcançou 31 pontos de audiência e a segunda, 24, sendo que o comum do horário é 20 pontos. No final, valeu a pena a dupla esperar 5 anos para estrear Cordel Encantado. A novela tem produção tão caprichada quanto as tramas das 9h. Além de ter gravações na França – nunca houve uma novela das 6 com cenas fora do País – e de ser o primeiro folhetim em 24 quadros – a mesma forma como são feitos os filmes -, ela traz uma história inspirada na literatura de cordel.
Na lista de diferenciais, o elenco também se destaca. Com a ajuda do diretor de núcleo Ricardo Waddington, e num boca a boca entre amigos – Débora Bloch, por exemplo, deu uma forcinha para que Luiz Fernando Guimarães aceitasse o convite -, formou-se um time de estrelas, com Matheus Nachtergaele, João Miguel, Zezé Polessa, Osmar Prado, entre outros. “É um elenco de sonho, né? É até estimulante escrever para eles”, diz a autora Duca Rachid. Luiz Fernando Guimarães, por exemplo, não pisava num estúdio de novela havia 25 anos. A última aparição dele num folhetim foi em “Cambalacho” (1986), do novelista Silvio de Abreu.
Qual a razão para todos dizerem sim, sem hesitação? Segundo a maioria, a história lúdica. Lendo, até parece impossível misturar os ingredientes da realeza com o dia a dia de um cangaceiro do sertão nordestino. Mas no ar, com doses de magia, os diferentes elementos combinam. No final do século 19, o rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia) vem ao Brasil em busca de um tesouro. Ao chegar a Brogodó (cidade fictícia do interior nordestino), além da fortuna, descobre que sua filha, Aurora (Bianca Bin), não está morta. É que, 20 anos antes, os vilões Úrsula (Débora Bloch) e Nicolau (Luiz Fernando Guimarães) perseguiram a rainha Cristina (Alinne Moraes) para matá-la. Só que, horas antes de morrer, ela conseguiu entregar a princesa Aurora para um casal de sertanejos. No abrigo do sertão, Aurora é batizada de Açucena. Às vésperas do casamento de Açucena com Jesuíno (Cauã Reymond), uma espécie de Robin Hood do sertão, o rei Augusto chega a Brogodó. Úrsula, claro, impedirá o pai de encontrar a filha. As informações são do Jornal da Tarde.