Mundo de sonho ou mundo de pesadelo? É nessa alternativa que se move a protagonista dessa bonita animação de Henry Selick – Coraline e o Mundo Secreto, baseada em livro de Neil Gaiman (da série Sandman). Isso quer dizer que haverá no filme um lado, digamos assim, gótico, que pode chegar a ser assustador. O desenho é de um visual deslumbrante – que fica ainda melhor caso seja assistido em uma sala 3D, que aumenta a sensação visual do espectador e torna as cenas mais reais.
O diálogo com Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, parece mais do que evidente. Há um mundo “real” a ser contraposto a um mundo mágico. Coraline, a garota do título, flutua entre ambos. Num, ela é filha de pais ocupados demais para se lembrarem de sua existência. Fica assim livre para explorar uma velha casa no campo onde foram morar. Descobre uma passagem atrás de uma porta escondida que a leva para um outro mundo. “Outro”? Nem tanto.
É quase como um universo paralelo, com mãe, pai, vizinhos, etc. Só que tudo muito mais agradável. E sedutor. A exemplo do que acontece em Alice, aqui também um animal lembrará a heroína de que é melhor não se deixar seduzir pelo sonho porque pode se transformar em pesadelo.
O estilo visual lembra muito o de Tim Burton, de quem Selick parece ser devoto. A criatividade das imagens serve a esse universo propício à fantasia: o dos contos de fadas que, como se sabe, nada têm de inocentes. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.