Certo dia, numa conversa despretensiosa, Luiz Fernando Guimarães comentou com os autores Alexandre Machado e Fernanda Young que já havia feito quase todos os tipos de personagens cômicos imagináveis. Só faltava um que abordasse a relação entre pai e filho. A idéia, apresentada depois para o diretor José Alvarenga Jr., foi ganhando outros ingredientes. O tal pai poderia ser também um repórter de celebridades. E assim surgiu Minha nada mole vida, seriado que estréia no dia 7 de abril na Globo, depois do Globo Repórter. Ou seja, o mesmo horário que os autores ocupavam com dos extintos Os Normais e Os Aspones. ?Já estamos acostumados com esse público, que conhece nosso humor ?nonsense?. Nosso horário finalmente foi devolvido?, brinca Alexandre.
O seriado, que a princípio terá oito episódios no primeiro semestre, foi cogitado para entrar no ar em meados do ano passado, mas não contava com nenhum horário na grade da emissora. No entanto o tempo de espera foi suficiente para elaborar ainda mais o roteiro e pensar em outras possibilidades, como convidados semanais e uma equipe fixa para Horácio, personagem de Luiz Fernando Guimarães, que trabalha como repórter em festas para um programa de celebridades, uma espécie de Amaury Júnior bem decadente.
Sua equipe, composta por uma produtora e um cameraman – ainda não escalados -, vive situações que ajudam a abordar a questão da efemeridade deste universo de uma forma bem-humorada que, segundo Fernanda Young, desmistifica o glamour da profissão de repórter. ?Preciso de novidades como ator, senão caio na mesmice. E agora vou conhecer o mundo dos pais separados, que sempre me aguçou?, diverte-se Luiz Fernando.
Na trama, Horácio não tem uma boa relação com Helinho, seu filho interpretado por David Lucas, o menino de dez anos que atualmente interpreta o Terê em Alma Gêmea. Segundo Alvarenga, David, que foi escolhido através de dois testes entre 80 meninos para o personagem, ficou muito tempo num bate-bola improvisado com Luiz Fernando Guimarães e a química entre os dois chegou a impressionar a equipe. ?Passei porque tenho respostas rápidas. Vai ser legal fazer comédia. Queria experiências novas?, comemora o pequeno David, já com discurso de gente grande.
No seriado, porém, Helinho não tem muito o que comemorar. Criado pela mãe Silvana – com atriz ainda não definida -, ele é o tipo de menino que só encontra com o pai nos finais de semana porque um juiz determina que Horácio precisa se relacionar mais com o filho.
Com pouquíssimas afinidades, pai e filho começam a interagir aos poucos e com o tempo passam até a tirar proveito dessa relação. ?O Horácio percebe que as mulheres se aproximam mais dele para elogiar o menino e acha o máximo. Em contrapartida, Helinho chantageia o pai para comprar sorvetes?, exemplifica Luiz Fernando.
O que não parece tão simples é fazer com que a mesma equipe que trabalhava em Os Normais – não só ator, autores e diretores, mas toda a produção -, consiga fazer um programa que nem de longe se assemelhe com o extinto seriado, que contava com Fernanda Torres no elenco. Mas segundo Alvarenga, Minha nada mole vida promete inovar em pelo menos um aspecto: a intenção dos autores e do diretor é falar sobre as celebridades de uma forma divertida, sem cair no escracho do Pânico na Tevê, da Rede TV!, nem com a seriedade de uma tese sobre o assunto. ?Somos uma grande banda disposta a mostrar que essa relação da mídia com as celebridades é uma via de mão dupla. Claro que está longe de ser um programa sociológico, mas queremos fazer uma crítica construtiva?, valoriza Alvarenga.