Há 73 anos da morte de Carlos Gardel, unanimemente considerado o maior cantor de tango de todos os tempos, continuam as controvérsias sobre a nacionalidade do artista, sobre a qual existem duas teorias: aquela segundo a qual ele era francês, nascido em Toulouse, e a outra segundo a qual ele nasceu em Tacuarembo, interior do Uruguai.
A mais nova peça do jamais solucionado quebra-cabeça surgiu de uma pesquisadora argentina, Martina Iniguez, que afirma ter identificado a escola primária freqüentada por Gardel no "bairro sul" de Montevidéu, mítico epicentro do tango e do candombe, a música afro-uruguaia.
Segundo o jornal El País, de Montevidéu, Martina lançou sua pesquisa com base em uma velha foto de classe, segundo ela tirada naquela que era então a escola pública número 27, na rua Durazno, onde se encontra a associação cultural hebraica Jaime Zhitlovsky.
No entanto, a própria Martina admite não ter conseguido encontrar nenhuma confirmação da presença de Gardel naquela escola, mesmo sustentando que a foto demonstra "de modo indiscutível" que o cantor freqüentou as escolas primárias de Montevidéu, apoiando assim a tese sobre seu nascimento em Tacuarembo.
A ambigüidade com que o próprio Gardel falou toda a vida de sua biografia — "nasci em Buenos Aires aos dois anos e meio de idade", costumava dizer — assim como a proibição por parte da Justiça argentina de efetuar testes de DNA com os restos mortais do cantor, presentes no cemitério da Chacarita em Buenos Aires, levam a acreditar que a controvérsia provavelmente não será jamais solucionada.
O Estado uruguaio proclamou o dia 24 de junho — data da morte do cantor, vitima em 1935 de um acidente aéreo em Medellín (Colômbia) — como "dia nacional de Carlos Gardel", com uma série de homenagens oficiais em Tacuarembo. Já a Unesco, ao proclamar a voz do cantor como "patrimônio da humanidade" em 2003, definiu-o como "cantor argentino nascido na França".
