A nova série da Globo, Sob Pressão, recebeu críticas do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP). O órgão divulgou uma carta em que condena a abordagem feita pela atração sobre a atuação dos enfermeiros na última terça-feira, 1º.

continua após a publicidade

Segundo a nota, a série erra ao “centralizar todo o protagonismo da assistência na figura dos médicos”, menosprezando a importância dos profissionais de enfermagem.

continua após a publicidade

“A enfermagem está 24 horas por dia ao lado do paciente, ouvindo suas angústias e dores, esforçando-se para atender prontamente o soar da campainha nas longas madrugadas e se dedicando ao cuidado científico, para oferecer uma assistência segura aos usuários do SUS”, afirma o texto divulgado no site da entidade.

continua após a publicidade

O Conselho acredita que a categoria dos enfermeiros enfrenta uma dura realidade de desvalorização, e que Sob Pressão reforça tal tendência.

Exibida às terças, Sob Pressão mostra a rotina de um hospital público do Rio de Janeiro, onde os médicos enfrentam um ambiente conturbado e condições precárias de trabalho.

Confira a íntegra da carta divulgado pelo Coren-SP aqui.

O E+ tentou entrar em contato com a Globo para obter o posicionamento da emissora sobre a questão, sem sucesso.

Confira a íntegra da carta divulgado pelo Coren-SP:

“O Coren-SP vem, por meio desta Carta Aberta, manifestar seu desapontamento em relação à abordagem que a série ‘Sob Pressão’, da Rede Globo, faz do cotidiano dos profissionais que atuam na rede pública de saúde. Ao centralizar todo o protagonismo da assistência na figura dos médicos, a emissora transmite uma imagem equivocada sobre a dinâmica das equipes de atendimento, menosprezando profissionais elementares no cuidado prestado à população.

Ressaltamos a grande importância da classe médica e seus esforços para otimizar os recursos do SUS, porém não podemos deixar de destacar a atuação dos profissionais de enfermagem, que constituem uma grande força na luta diária para a garantia de atendimento digno à população. Enfermeiros, técnicos, auxiliares de enfermagem e obstetrizes protagonizam a assistência em todas as suas etapas: desde o acolhimento do paciente e sua família, até procedimentos mais complexos, como o atendimento de urgência, emergência e pré-hospitalar.

A enfermagem está 24 horas por dia ao lado do paciente, ouvindo suas angústias e dores, esforçando-se para atender prontamente o soar da campainha nas longas madrugadas e se dedicando ao cuidado científico, para oferecer uma assistência segura aos usuários do SUS.

A categoria enfrenta uma dura realidade de desvalorização e de falta de reconhecimento e a série da Rede Globo reforça essa tendência, ao não revelar a importância de seus profissionais no dia a dia de uma instituição. São exaustivas jornadas de trabalho e baixos salários, pois não há jornada e pisos regulamentados; subdimensionamento de profissionais em relação à demanda de pacientes e atendimento; falta de insumos, estrutura e de condições dignas de trabalho e também uma epidemia de violência. Pesquisa realizada pelo Coren-SP, em parceria com o Cremesp, revelou que mais de 70% da categoria já sofreu algum tipo de agressão no ambiente de trabalho.

O Coren-SP não mede esforços para transformar essa realidade, incentivando o empoderamento da categoria e a conscientização da sociedade sobre a importância do profissional de enfermagem na assistência em saúde. Porém, a mídia tem uma grande responsabilidade nesse contexto e deve cumprir devidamente o seu papel de informar a sociedade seguindo os preceitos da veracidade e objetividade. Uma emissora de TV do porte da Rede Globo, ao abordar o cotidiano de uma instituição de saúde e dos profissionais que nela atuam a partir de uma ótica equivocada, promove a desinformação e reforça estereótipos que devem ser desmistificados.

Esperamos que a emissora e os produtores da série ‘Sob Pressão’ reavaliem a ótica adotada na formulação da trama, retratando fielmente o papel e a importância de cada profissional nas equipes de saúde e atribuindo à enfermagem a devida valorização e reconhecimento.”