Há 32 anos, o poeta gaúcho Oliveira Silveira, ex-integrante do grupo Palmares, foi um dos criadores do Dia Nacional da Consciência Negra, dia 20 de novembro. De lá para cá, as comunidades negras vêm tomando conta de sua riqueza cultural. Para muitos líderes, essa é a melhor maneira de valorizar os negros e combater o preconceito racial. Em Curitiba, a Associação Cultural de Negritude e o Instituto Brasil e África trabalham com divulgação e combate ao racismo.
No início de seu mandato, o presidente Lula aprovou que o do Dia Nacional da Consciência Negra fosse incluído no calendário escolar e que o ensino da história africana fosse obrigatório. A aprovação foi festejada, mas como observam alguns pesquisadores, os livros didáticos são defasados e parciais, já que só tratam da história negra nos capítulos de Abolição da escravatura e no Apartheid.
Em busca de reaver parte da memória dos descendentes de escravos, a professora Gizêlda Melo do Nascimento, do Departamento de Letras da UEL, lançou recentemente o livro Feitio de viver – memórias de descendentes de escravos, publicado pela Editora da Universidade Estadual de Londrina. A autora afirma que após a Abolição, o Estado não projetou a inserção dos negros na estrutura social brasileira e o efeito do elitismo branco é refletido no atual abismo social entre as suas raças. No filme Cafundó, de Paulo Betti, atualmente nos cinemas, o personagem de Lázaro Ramos, que conta a história de João de Camargo, vive as dificuldades habituais que os negros viveram.
Em cada região do País, o Dia da Consciência Negra é comemorado de maneiras similares, em geral ocorrem palestras, encontros e apresentações culturais. Em Curitiba, o jornalista Saul Dorval dirigiu um espetáculo de teatro e música na última quarta-feira, no Guairinha. O evento fez parte da IV Semana Afro-Brasileira no Paraná e teve realização do Instituto Brasil e África.
Depois de amanhã (20), a Cinemateca de Curitiba apresenta uma programação comemorativa ao Dia da Consciência Negra. Serão exibidos quatro documentários que abordam a comunidade negra. Comunidade do Sutil (2004), de Adriano Justino e Aruanda (1960), de Linduarte Noronha, retratam a vida em algumas comunidades remanescentes dos antigos quilombos. Preto no Branco: Negros em Curitiba, filme do projeto Olho Vivo de 2004, conta a história de negros que vivem em Curitiba. A Negação do Brasil (2000), de Joel Zito Araújo, documenta e faz um apanhado da televisão brasileira e os artistas negros nas telenovelas.