Inspirado por um grupo de intelectuais que, nos idos de 6 de março de 1898, criara um periódico sob a intrigante denominação O Sapo, Vasco Taborda Ribas fundou uma confraria, em 15 de agosto de 1977, a que chamou de Soberana Ordem do Sapo, cujos integrantes, em número expressivo, recebem o título de ?barão? e ?baronesa?.

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Mas, certamente, os que lêem estas linhas perguntarão: por que tão esdrúxula denominação?

Responde, com raro descortino, o acadêmico e pois imortal Apollo Taborda França, que a fez ressurgir, poucos dias passados: ?o sapo é uma criatura universal: está em todas as partes, em todos os países. Trata-se de um ser enigmático, místico e mítico, a um só tempo. Não chega a ser venerado, mas é admirado e decantado, de modo mal ou benquerente, em contos, fábulas e lendas?, lembrando, ainda, que ?o sapo é romântico com seu cantar após as chuvas, tempestades, em especial para noites de luar. A despeito da malquerência com que sofre, é considerado o símbolo do amor, da ventura e da alacridade. Chega a ser considerado lindo conforme o entendimento e o olhar de quem intimamente não o subestima?.

Por sua vez, Ivo Arzua Pereira recorda que, ?além de tudo, o sapo, cujo habitat são os charcos, os terrenos alagadiços e os banhados, é bem o símbolo da humildade, pois jamais intentou viver nas alturas montanhosas para brilhar à luz do sol e ser notado, admirado e aplaudido, bastando-lhe ser alvo da simpatia dos seres humanos e, principalmente, dos bravos ecologistas?.

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Tais considerações, por si só, explicam plenamente a opção de Leôncio Corrêa, Leite Júnior, Gabriel Ribeiro e Thales Saldanha pelo título O Sapo para o hebdomadário lançando e, depois, Vasco Taborda Ribas para a confraria, agora ressurgida por Apolo Taborda França.

Muitos ?barões? e ?baronesas? já passaram pela Soberana Ordem do Sapo, outros tantos a integram, constituindo um pugilo valoroso de amantes da cultura.

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Saudando-os, a exemplo do ocorrido na reunião-almoço do último dia 5, quando da reinstalação da confraria, lembro o poema do inspirado e sensível vate Harley Clóvis Stocchero, Barão de Tamandaré:

?1. Quando o dia amanhece

e o sol para o alto arriba,

para o céu se evola a prece

do povo de Curitiba;

2. enquanto o dia floresce

com o azul brilhando guapo,

toda lagoa estremece

com a cantiga do Sapo.

3. Os barões assinalados,

dessa Ordem Soberana,

todos juntos, irmanados,

saudam a luz que emana

4. da hóstia de intensa luz;

e Curitiba conclama

a seguir o Bom Jesus

que todo cristão irmana.

5. nessa ordem de Grandeza

do Sapo, Rei da Sapiência,

que, com toda a realeza,

simboliza a boa vivência

6. que o Sapo, na humildade,

dádiva do Criador

para toda a Humanidade,

é atributo de Amor.

7. Rendamos ao

humilde Sapo

seu verdadeiro valor,

pois ele, que é nobre e guapo,

simboliza Paz e Amor!

8. Por Deus feito inteligente

e das searas protetor,

deve merecer da gente

veneração com ardor

9. para lhe dar proteção,

pois ele é nossa esperança

ao limpar a plantação

da praga, que

sempre avança!

10. Rendamos nosso tributo

ao Reino da Saparia,

ao Sapo, esse amigo astuto,

que nos inspira Poesia!

11. Assim, Barões,

Baronesas,

vamos os Sapos saudar,

reunidos em nossas mesas

para a Ordem prestigiar.

12. Num momento de alegria

desta encantada Reunião,

brindemos a Saparia

no abraço de cada irmão;

13. também é

grata a ocasião,

que esta data recorda,

vamos fazer a saudação

ao Mestre Vasco Taborda

14. que, se estivesse vivo,

aqui festaria contente,

comemorando o motivo

de relembrá-lo contente.

15. Mas, embora falecido,

tem a alma ainda presente,

o que nos dá o motivo

de relembrá-lo contente.

16. Festejemos,

meus confrades,

esta nossa Confraria,

que hoje uma nova idade

feliz aniversaria!

17. Agradecendo a presença

de todos que, neste dia,

nos trazem a recompensa

da ilustre simpatia.

18. Sejam todos abençoados

com as preces que conduz

esse olhar iluminado

de Nossa Virgem da Luz!?.

Luís Renato Pedroso é desembargador jubilado, presidente do Centro de Letras do Paraná, vice-presidente do Movimento Pró Paraná e Barão de Santa Terezinha.