Uma concorrência acirrada, disputada nas dezenas, marcou o encerramento do leilão promovido pelo MIS – Museu da Imagem e do Som, ontem, 19, com peças da cenografia da recordista exposição Stanley Kubrick. Em certos momentos, senhas erguidas e cifras gritadas simultaneamente pareciam até cena de cinema.
Reunindo cerca de 150 pessoas, Bota Fora Kubrick disponibilizou itens construídos pelo museu para compor as salas que traduziam o universo do cineasta norte-americano, morto em 1999, aos 71 anos. Entre eles, uma porta de madeira da sala do hotel de O Iluminado, um pôster de Lolita e beliches da sala Nascido para Matar para fãs do cineasta. Tudo com certificado de autenticidade atestando que estiveram na exposição inédita na América Latina, que atraiu público recorde de 80 mil pessoas.
O casal Sidnea Dias Ferreira Miranda e Maurício Miranda não apareceu para brincadeira. Visando peças como os castiçais de Barry Lyndon e as máscaras de De Olhos Bem Fechados, perdeu por pouco um monólito da sala 2001: Uma Odisseia no Espaço. A redenção veio no lote final, quando arremataram, por R$ 670, um lustre de metal cromado, com 21 lâmpadas, que estava no ambiente de Barry Lyndon.
“Pelas características da peça, custaria mais no mercado”, justifica Maurício. “Fiquei interessada por sua beleza e, mais que isso, por remeter ao filme e ao Kubrick. Fui uma das que enfrentou quatro horas de fila para ver a exposição e agora terei parte dela em casa. Mesmo não sendo parte original do filme, é parte da cultura da cidade”, justifica Sidneia.
O fascínio pela mostra do MIS também foi o que levou o ator Rodrigo Pasquali ao leilão. “Passei uma tarde toda imerso no museu e no universo do diretor. A mostra resgatava a memória emocional do filme ao mesmo tempo em que trazia a realidade dos bastidores de como ele foi feito. Só isso já justificaria vir atrás de adereços legais”.
A ideia para o Bota-Fora surgiu semanas antes do final da exposição, quando André Sturm, diretor executivo do MIS, teve de começar a estruturar a desmontagem dos espaços. “Não faria sentido jogar no lixo peças que haviam conquistado um público tão cativo”, afirmou um dos mestres de cerimônia da tarde, que ajudou a animar a plateia.
Por conta disso, diz, a proposta não era atingir somas substanciosas ou recuperar o investimento na confecção das peças. Alguns objetos, como o canapé cor-de-rosa de Lolita, custaram mais de R$ 2 mil, mas o lance inicial era de R$ 100 – foi vendido por R$ 380. A soma dos arremates atingiu cifra superior a R$ 8 mil.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.