O comediante Pete Holmes resolveu levar a sério aquela máxima de que rir é o melhor remédio. Depois de ver seu talk-show cancelado, ele decidiu pensar numa série própria. E voltou-se para suas próprias misérias, mais precisamente o período logo após sua mulher pedir o divórcio por ter se apaixonado por outro, quando Holmes ainda estava lutando para conseguir uma carreira na comédia. Assim nasceu Crashing, que vem com a grife de Judd Apatow (Girls, Love e diretor de filmes como O Virgem de 40 Anos) e estreou na HBO na madrugada de segunda, dia 20 de fevereiro, à 0h30. “Pensei: qual a história que existe em mim para ser contada? E cheguei à conclusão: Ok, menino religioso casou-se com a primeira namorada, ela o abandona por outro cara e ele mergulha no apoio inimaginável do mundo da comédia. Para mim, parecia uma série de Judd Apatow”, disse Holmes em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, em Pasadena.
O curioso é que Apatow achou a premissa muito deprimente. Os dois se conheceram quando Apatow participou do podcast You Made It Weird With Pete Holmes e após o talk-show. Mas logo depois mudou de ideia. “Afinal, não existe drama quando as coisas vão bem”, afirmou Apatow. “Toda boa história é quando algo dá errado e alguém tenta sair do buraco.”
A história de Pete Holmes é curiosa para um comediante. Sua mãe queria que ele fosse pastor de igreja. “Mas, quando decidi ser comediante, ela pensou: ‘Bem, até que é parecido'”, contou, entre risos. “Eu acho que ela está certa. Não é preciso vender a alma para fazer comédia.” Com o tempo, ele foi conciliando o jeito de bom menino, que não fala palavrão, com o comediante. “É uma lição interessante, que ainda estou aprendendo”, ressaltou. “Falo palavrão nos meus stand-ups e muita gente vem mesmo assim me dizer que gostou, pois não fui boca suja. É tudo questão de jeito.” No fim das contas, foi esse jeito meio peixe fora dágua que fez com que se destacasse no meio.
Em Crashing, Pete, o personagem, está há anos tentando se firmar como comediante, sem sucesso. É massacrado pelo público nos shows. “Fico muito empolgado de sermos um dos primeiros a explorar os cerca de dez anos em que o comediante não é engraçado. Aí, de repente, você entra nos eixos. Quer dizer, nem sempre”, lembrou, rindo. Apatow brincou que está cansado de médicos, personagens de várias séries de televisão. “Se tivermos umas quatro ou cinco séries sobre comediantes, serei feliz.”
Na hora em que Pete precisa sair de casa, são os amigos comediantes que o abrigam (daí o nome, “crashing”, que é gíria para dormir de favor na casa de alguém). E assim desfilam alguns dos melhores nomes da atualidade na tela, como T.J. Miller (de Silicon Valley). “Na realidade, ainda fiquei duas semanas na minha casa, com minha ex. Foi horrível. Mas depois esses caras eram os meus amigos, eles me ajudaram. T.J.
Miller estava filmando em outra cidade e me deixou ficar em seu hotel”, contou.
Holmes não tem ideia de qual vai ser a reação de sua ex, com quem não fala desde a separação, há dez anos. “Se ela assistir, espero que perceba que na história ela não é uma vilã da Disney. Pessoas legais rompem relacionamentos com pessoas legais o tempo inteiro.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.