Ao observar um cartão-postal divertido, que exibia uma freira bem-humorada, o autor e compositor americano Dan Goggin teve uma ideia maluca para um musical: cinco noviças dão uma escapada de onde moram, a Irmandade de Salue Marie, para jogar bingo em outro convento. Quando voltam, encontram mortas as 52 irmãs que ficaram, vítimas de botulismo ao tomarem sopa feita com enlatados vencidos. Pior: as sobreviventes descobrem ainda que o caixa da instituição foi desfalcado pela Madre Superiora, restando verba suficiente apenas para o funeral de 48 corpos. Elas deixam então as quatro restantes em um freezer enquanto armam um show beneficente, para conseguir recursos que completem o total necessário para pagar os enterros. Assim, elas cantam, dançam, fazem sapateado e outras coisas mais. Mas um fiscal está a caminho…

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De tão absurdo, o roteiro resultou em um espetáculo de sucesso: depois de estrear em dezembro de 1985, em Nova York, o musical “Noviças Rebeldes” somou mais de 3.600 apresentações, tornando-se a segunda maior temporada off-Broadway na história. Exportado para vários países (pelo menos 26 idiomas), “Noviças Rebeldes” chegou ao Brasil em 1987, montado com um elenco feminino. Dez anos depois, ganhou nova versão, agora somente com homens interpretando. “Chegou a vez de mesclar, juntando homens e mulheres no elenco”, diverte-se Wolf Maia, diretor daquelas duas versões e da mais recente, que estreia nesta sexta-feira, 09, no Theatro Net SP.

De fato, o espetáculo conta com nomes experientes na comédia musical como Soraya Ravenle, Sabrina Korgut, Carol Puntel, Helga Nemeczyk e Maurício Xavier, todos vivendo as freiras amalucadas. “Convoquei Maurício, pois ele tem a voz de contralto necessária para o papel”, conta Maia, que comandou ainda uma versão da peça para a TV, com Marília Pêra como Madre Superiora e uma novinha Xuxa, no papel de uma bailarina.

Segundo ele, o segredo do musical é fazer o público acreditar que está acompanhando uma improvisação. “A plateia compartilha da intimidade daquelas irmãs que precisam improvisar um show beneficente e, como são religiosas, aparecem de cara limpa, sem maquiagem”, explica. “E, apesar da aparente naturalidade, todos os passos foram detalhadamente marcados e ensaiados. Acho que é o trabalho mais rigoroso que já dirigi”, conta ainda.

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Wolf Maia reconhece o talento dos artistas com quem trabalhou nas duas primeiras montagens, mas percebe que a atual está mais bem preparada para enfrentar um musical da Broadway. “Atingimos um grau de especialização profissional de altíssimo nível – hoje, temos profissionais capazes de participar de espetáculos em Nova York, Londres ou em qualquer grande centro.”

A nova versão de “As Noviças Rebeldes – O Musical” ganhou também uma modernização no texto, feita novamente pelo seu primeiro e atual tradutor, o dramaturgo e tradutor Flávio Marinho, grande especialista em musicais. “As referências à vida nacional estavam mais presentes nos diálogos do que nos números musicais. Dei uma ‘atualizada’ no texto e ele está estalando de novo. Em vez de Bresser Pereira e Marly Sarney, agora tem Aécio Neves e Marina Silva, entre outros.”

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O texto original de Dan Goggin exibe uma estrutura flexível, o que permitiu a Marinho trabalhar com certa liberdade. “O musical tem uma estrutura de programa de auditório, algo que a direção do Wolf adensou”, explica. “E, como todo programa de auditório, prevê umas frestas de espontaneidade e improvisação. Eu me aproveitei disso no trabalho de adaptação. Não queria que a peça tivesse muito ‘cheiro’ de americana – queria, na medida do possível, que ela falasse ‘brasileiro’. Cheguei a ter pesadelos com o dia em que Dan Goggin assistisse ao espetáculo. Mas ele veio ao Rio, acompanhou ao meu lado uma sessão no Teatro dos Quatro e pareceu gostar. Não deve ter entendido muito, mas aprovou. Posso dormir em paz”, acrescenta Flávio Marinho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

AS NOVIÇAS REBELDES – O MUSICAL

Theatro Net. Rua Olimpíadas, 360, Shopping Vila Olímpia, tel. (011) 4003-1212. 6ª e sáb., às 21h30; dom., às 19 h. R$ 100/ R$ 150. Até 8/3. Estreia sexta.