Foto: Allan Costa Pinto
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Diogo é um dos nomes que representam a nova cara do
humor brasileiro. Versátil, ele encarna os tipos mais hilários.

?Rir é o melhor remédio. A não ser que você esteja com prisão de ventre?. Foi com esta frase hilária que um dos humoristas mais famosos de Curitiba, Diogo Portugal, recebeu a reportagem de O Estado, na semana passada, e contou um pouco de sua vida. Alguns dos personagens do comediante, o office-boy Elvisley (que vive às voltas no banco e batendo perna nas ruas) e a ex-prostituta Pamela (que dá palestras e cursos sobre o assunto), podem ser vistos no show que ele faz todas as terças-feiras, no bar Era Só o Que Faltava, em Curitiba. Agora Diogo está em cartaz com a peça Portugal é aqui, no Teatro Frei Caneca, em São Paulo, todas as quartas-feiras. A vontade de ficar velhinho fazendo humor é evidente em Diogo, além da necessidade de estar sempre renovando seus textos, com bastante profissionalismo.

Quem vê o Diogo nos palcos não imagina que ele já cursou Administração, que é filho de desembargador (o que teoricamente remeteria a uma idéia de uma pessoa mais sisuda) e que já teve uma banda de rock. E as pessoas devem imaginar menos ainda que o humorista seja tímido. Isso mesmo, tímido! ?Algumas pessoas pensam que por você ser humorista tem que estar a todo momento fazendo piadas, rindo. Mas não é bem assim. Sou tímido. Me considero decepcionante fora dos palcos. Não estou dizendo que não gosto de ser assediado, muito pelo contrário, o que almejo no meu trabalho é o reconhecimento. Mas há algumas pessoas que confundem, que exageram no assédio. Um dos problemas de ser humorista é que você não passa credibilidade. Como é difícil ser famoso sem ser!?, brinca ele. E a vida de humorista, segundo ele, não é nada fácil. ?Eu trabalho muito meus textos antes de entrar no palco?, afirma.

Em ação no stand up comedy, a chamada
comédia de cara limpa.

Como o Diogo mesmo gosta de contar, ele é um produto do site YouTube. Apesar de já ter participado de programas com grandes índices de audiência, como o Domingão do Faustão e o Jô Soares, ele se diz desconhecido ainda. Mas como seus vídeos no site já tiveram mais de oito milhões de acessos, ele atribui seu sucesso a isso. ?A gente faz humor porque gosta, com amor. Sou um operário do humor. Porém, às vezes pago alguns preços por não sair de Curitiba. Mas enquanto eu tiver público no Era Só o Que Faltava, vou continuar?, revela. E para quem pensa que a segurança é total no palco, se engana. ?Os receios existem, principalmente quando há humoristas na platéia. Por isso sempre testo as piadas em várias pessoas antes de apresentá-las no show?, brinca.

Carreira

Diogo Portugal é um dos nomes que representam a nova cara do humor brasileiro. Versátil, ele vai do stand-up comedy à chamada comédia de cara limpa, sem figurinos ou personagens às tradicionais esquetes, encarnando os tipos mais hilários e diferentes. Os textos são originais, todos escritos por ele mesmo. Rápido, tem como uma grande característica a capacidade de improvisação durante os shows, criando a partir de situações que acabaram de acontecer, com grande presença de espírito e jogo de cintura.

O porteiro, alguns dos personagens inventados pelo comediante.
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Diogo é divorciado, sem filhos. Mora com a mãe. Começou a fazer humor em 1996, quando participou do 1.º Prêmio Multishow de Humor, no qual ficou em 3.º lugar (Cláudia Rodrigues, a atriz que interpreta A diarista, ficou em 1.º). No concurso havia 500 concorrentes de todo o País. Antes de mandar a fita para o prêmio, Diogo trabalhava com produção de jingles, os quais já tinham um toque de humor. Desde o prêmio, não saiu mais da vida de comediante. Começou a se apresentar e criou o 1.º show de humor no Teatro Lala Schneider, em Curitiba, que foi um sucesso. Depois foi convidado para participar do Terça Insana, em São Paulo, e atualmente trabalha no Era Só o Que Faltava, no teatro e na TV.

Curiosidades

Situações do seu cotidiano, até mesmo as mais inusitadas, viram piadas dos shows. Diogo Portugal se diz muito ?desligado?, e por isso deixa recados para si mesmo na secretária eletrônica. Ele conta que já foi guia de excursão, mas de guia ele não tinha nada: perdia todos os turistas e ainda passava informações erradas, que eram corrigidas com muito bom humor e jogo de cintura. Ele também conta que algumas piadas surpreendem nos shows, pois são aquelas que ele acha totalmente sem graça mas que arrancam gargalhadas do público. ?Pesquisas já indicam que ser bem humorado faz bem à saúde?, afirma ele.

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