Sao Paulo (AE) – Apesar do frio e da chuva que transformam o Festival de Berlim num evento muito mais de ?interiores? do que de badalação externa, a Berlinale não deixa de estender seu tapete vermelho, pelo qual desfilam, muitas vezes desafiando as intempéries, belas mulheres ostentando generosos decotes. Berlim estende hoje o tapete para Marion Cotillard e o diretor Olivier Dahan, que inauguram o evento deste ano com La Môme – Vie en Rose. Ícone musical da França, Edith Piaf, que os franceses chamavam carinhosamente de La Môme, cantava aquelas canções dilaceradas que não deixavam de expressar sua complicada vida amorosa. Dalva de Oliveira fez de Hino ao amor, um dos grandes êxitos de Piaf, um marco no seu repertório romântico.

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O amor primeiro mas, a partir de sexta-feira, o Festival de Berlim retoma sua vocação política, exibindo uma seleção de filmes que vai colocar na tela do moderníssimo Palast localizado em Potsdamer Platz – a terra de ninguém onde, no passado não tão distante, se erguia o Muro de Berlim -, o que há de mais representativo no cinema de todo o mundo. Considerado um dos três maiores festivais de cinema do planeta, o de Berlim é o primeiro – Cannes arma seu circo só em maio e Veneza espera pelo fim do verão europeu, no começo de setembro. Até para garantir o interesse midiático, a Berlinale não deixa de prestigiar o cinemão e traz a Berlim astros e estrelas de Hollywood, muitos deles em plena disputa do Oscar, que este ano se realiza no domingo, dia 25. O Festival de Berlim termina uma semana antes, dia 18. O glamour, sim, mas responsável, com predominância de temas humanísticos e/ou políticos, que são radicalizados em eventos paralelos, tão ou até mais prestigiados que a própria competição pelo Urso de Ouro – Fórum, Panorama e a mostra da juventude, generation 14-plus.

Para o Brasil, o 57.º Festival de Berlim antecipa-se excepcional, com nada menos de quatro filmes distribuídos pelas diferentes seções do festival. O ano em que meus pais saíram de férias, de Cao Hamburger, será o candidato brasileiro ao Urso de Ouro, tentando bisar o feito de Central do Brasil, de Walter Salles, que ganhou em 1998.

O Panorama abriga dois outros brasileiros – Deserto feliz, de Paulo Caldas; e A casa de Alice, de Chico Teixeira. Cao Hamburger já disse que está muito feliz e orgulhoso de concorrer em Berlim. Mas acha que sua presença, lá, não é apenas um reconhecimento ao trabalho que sua equipe e ele fizeram com tanto empenho e dedicação – também é um aval para a força positiva que move o cinema brasileiro atual. Como são quatro filmes, ainda falta um – Antônia, de Tata Amaral, que estréia sexta-feira nos cinemas do País, praticamente colado à exibição em Berlim. Para Tata, Berlim possui um significado todo especial Foi lá, mostrando Um céu de estrelas, que ela ganhou projeção internacional, iniciando sua trilogia sobre as diferentes etapas da vida da mulher (juventude, maturidade e velhice) – que encerra agora com Antônia. Para completar, as garotas da Vila Brasilândia vão realizar, a pedido do festival, um show que será transmitido ao vivo pela TV, para toda a Europa.

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