Durante cinco dias, de hoje a domingo, acontece a mostra “O México de Emilio Fernández e Gabriel Figueroa”, na Sala Cinemateca, em São Paulo. O evento em parceria com o Consulado Geral do México vai apresentar cinco filmes – “As Abandonadas”, “Coração Torturado”, “Flor Silvestre”, “Manchada pelo Destino” e “La Perla”. Emilio ‘El Índio’ Fernandéz morreu em 1986; Gabriel Figueroa, em 1997. Dois anos antes de sua morte, o grande diretor de fotografia esteve em São Paulo, para ser homenageado pela Mostra Internacional de Cinema, que dedicou um volume à sua obra.

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Figueroa não foi apenas o fotógrafo preferido do Índio Fernández. Colaborou com John Ford, Luís Buñuel e John Huston. Para o último, assinou a fotografia colorida de “A Sombra do Vulcão”, mas era o primeiro a admitir que nunca chegou a possui um estilo próprio, trabalhando com a cor. Seu território era o preto e branco, que ele considerava mais difícil. E acrescentou, aqui mesmo em São Paulo – “Só com o preto e branco se obtém na tela o volume da imagem.”

O espectador que não conhece muito a história do cinema latino-americano talvez se surpreenda ao saber que a parceria Fernández-Figueroa se tornou clássica. Eles, sozinhos – ou quase -, construíram a era de ouro da cinematografia mexicana, nos anos 1940 e 50. Fernández não era chamado de ‘Índio’ por acaso. Sua mãe era indígena e sua obra é marcada pela miscigenação entre brancos e índios como formadores da nação. Influenciado por Sergei M. Eisenstein, que deixara inacabado “Que Viva México!”, Fernández participou da revolução mexicana, foi preso e fugiu para os EUA, onde se iniciou no cinema. Sua obra deve muito ao senso plástico de Figueroa, ao rigor de seu preto e branco, mas a presença de astros e estrelas como Maria Felix, Dolores Del Rio, Pedro Armendáriz, Maria Elena Márquez e Columba Dominguez (com quem foi casado) também lhe confere uma dimensão mítica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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