Começa Festival de Cinema Latino-Americano em São Paulo

Começa hoje em São Paulo a 5ª edição do Festival de Cinema Latino-Americano, que exibirá 137 filmes de 15 países e homenageia dois autores, o brasileiro João Batista de Andrade e o argentino Marcelo Piñeyro. O Memorial da América Latina fornece o cenário principal, de abertura e encerramento, e também é ponto de encontro para mesas redondas e conferências, mas o festival se espalha por mais cinco salas. Até domingo, você só tem de escolher os filmes, montar sua grade. E nem é preciso pagar – as sessões são grátis.

O Festival Latino divide-se em seções – a Mostra Contemporâneos, com um total de 24 títulos, reúne a produção recente, garimpada pelos curadores Francisco César Filho e Jurandir Müller, e é formada por filmes na maioria inéditos no País, assinados por autores como o argentino Daniel Burman (“Dois Irmãos”), o chileno Miguel Littín (“Dawson”, “Isla 10”) e o uruguaio Pablo Stoll (“Hiroshima”), além de diretores que você vai descobrir agora, de países como Equador, Paraguai, Peru e Porto Rico. De Cuba virá uma das atrações anunciadas da mostra – como uma espécie de resposta ao clássico “Memórias do Subdesenvolvimento”, de Tomás Gutierrez Alea, “Memórias do Desenvolvimento” baseia-se em outro livro do mesmo autor, Edmundo Desnoes, com direção de Miguel Coyula.

Dois outros títulos desta seção antecipam-se imperdíveis. Ambos alcançaram grande repercussão em Roterdã e compartilham o mesmo cenário, ou paisagem. “Água Fria do Mar”, que abre hoje o festival para convidados, é considerado o marco zero da nova produção costa-riquenha. A própria diretora Paz Fábrega virá apresentar seu filme sobre um casal que, na noite da virada de ano, parte numa viagem ao Pacífico. Eles encontram uma menina que fugiu de casa, e pela manhã ela desapareceu. O estreante mexicano Pedro González Rubio ganhou o prêmio do júri em Roterdã e o da crítica em Toulouse com “Ao Mar”, sobre pai e filho de ascendência maia, que partem numa viagem ancestral em direção ao mar. Do Uruguai vem ainda uma novidade – o filme de terror “A Casa Muda”, de Gustavo Hernandez, que acompanha, em tempo real (74 minutos), um grupo que vai ser assassinado na casa do título.

A mostra Contemporâneos/Brasileiros traz dois vencedores do Festival de Tiradentes, hoje a principal vitrine da produção autoral/experimental no País. São road movies. “A Fuga da Mulher Gorila”, de Felipe Bragança e Marina Meliande, venceu no ano passado. “Estrada para Ythaca”, de Guto Parente, Pedro Diógenes e Luiz e Ricardo Pretti, ganhou este ano. Mas existem outras atrações que devem estar na mira dos cinéfilos. A consolidação da Retomada na região, no período entre 2000 e 2009, será objeto de uma retrospectiva específica, com filmes de Fabián Bielinsky (“Nove Rainhas”), Lucrecia Martel (“O Pântano”), Alfonso Cuarón (“E Sua Mãe Também”), Pablo Trapero (“O Outro Lado da Lei”), Marcelo Gomes (“Cinema, Aspirinas e Urubus”) etc.

Finalmente, os homenageados. João Batista de Andrade e Marcelo Piñeyro. Ambos buscam diferentes formas de encarar a questão política. O primeiro, de forma mais direta, em documentários e ficções (“Liberdade de Imprensa”, “Doramundo”, “O Homem Que Virou Suco”, “A Próxima Vítima” e a obra-prima “Wilsinho Galiléia”). O outro, mais indireto, enfoca o momento histórico por meio de estudos de personagens ou grupos (“Cinzas do Paraíso”, “Plata Quemada” e “Kamchatka”).

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