Foi-se o tempo em que surfista era um sujeito cabeludo, queimado de sol, largadão, que ficava o dia todo na beira da praia e não sabia nada de cultura. O surfista de hoje usa protetor solar, é ligado em moda, engajado na luta pelo meio ambiente, gosta de arte e boa música. Prova disso é o evento que será realizado na Bienal do Ibirapuera, em São Paulo, de amanhã a sábado – dias 1, 2 e 3 de julho. O Festival Alma Surf 2010 terá programação cultural intensa, incluindo mostras de cinema, artes plásticas, música, moda, arquitetura e design, sempre com temáticas voltadas para surfistas e simpatizantes.

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Idealizador do evento, que está em sua sétima edição, o publisher Romeu Andreatta diz que a imagem do Surf mudou muito nos últimos anos. O que antes era encarado como mais um esporte radical, passou a ser visto como um estilo de vida saudável e charmoso. “O surfe está se descolando do segmento desportivo e está se consolidando como uma cultura. Tanto que um dos músicos mais conhecidos do mundo é surfista: o Jack Johnson”, afirma Andreatta.

Responsável pela curadoria da mostra de cinema do Festival, com nove filmes inéditos sendo exibidos diariamente, Keiko Beatie, que também faz curadoria para o Festival de Sundance, reforça a importância do surfe como cultura. “Há filmes que mostram o lado esportivo do surfe, mas também há longas que contam a história do movimento, e outros com um olhar mais poético e artístico”, explica ela, que virá ao Brasil pela quinta vez e diz ser uma honra poder exibir trabalhos como esses ao público brasileiro.

Personagens importantes do universo musical praiano também vão marcar presença. Do Brasil, estarão presentes Mallu Magalhães (show no sábado, dia 3, às 20h), que, para Andreatta, “é uma filha do segmento”, e o vocalista de O Rappa, Falcão, que se apresenta pela primeira vez em São Paulo com seu projeto paralelo, a banda Os Loucomotivos (amanhã, dia 1º, às 22h). Entre os gringos, os australianos do John Butler Trio (sexta, 2, às 22h), e o também australiano Rob Machado, com sua The Malali Band (sábado, 3, às 21h), desembarcam no País pela primeira vez.

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No campo das artes plásticas, os elementos da cultura surfe ganham uma releitura poética em fotografias, esculturas e pinturas. Curador da mostra de arte e cultura, o galerista Tito Bertolucci ressalta a importância do trabalho da dupla Raymond Yater, um dos primeiros shapers – designer de pranchas – a atuar na Califórnia na década de 50, e o shaper Kevin Ancell, ambos americanos. “O trabalho deles tirou o surfe das galerias especializadas e ficou em exibição em Beverly Hills e outros lugares do mundo”, diz Bertolucci, que vai expor duas obras dos artistas. Uma delas custa R$ 22 mil. Trata-se de uma prancha de madeira, toda revestida de madrepérola. As informações são do Jornal da Tarde.