Ana Beatriz Nogueira se diverte com o que anda escutando nas ruas. “Mentirosa” ou “como você pode fazer isso com a sua mãe?” são dois dos vários impropérios que a atriz tem ouvido, graças aos desvarios de sua personagem em Celebridade. Para Ana Beatriz, no entanto, este tipo de abordagem soa como música. É a prova de que a interesseira Ana Paula “caiu na boca do povo”. “O retorno nas ruas é uma forma de saber que meu trabalho está repercutindo”, frisa a atriz carioca de 36 anos. Na verdade, demorou seis novelas, quatro minisséries e oito longas para Ana Beatriz ser convidada para viver na tevê uma personagem do tamanho de Ana Paula. Um exercício de paciência para quem recebeu, aos 20 anos, o Urso de Prata de Melhor Atriz no renomado Festival de Berlim pela performance no papel-título do filme Vera. “Sei que explicitei pouco o meu desejo de fazer tevê. Mas também não foram tantos os convites”, ressalta.
A atriz chama a atenção pelo jeito simpático e o bom humor. “Considero a Ana Paula uma 171 amadora. Ela é para a delegacia de pequenos furtos”, define. Mas, ao contrário da personagem, a atriz garante que acha mais cansativo planejar uma entrevista do que ficar o dia inteiro gravando a novela. “Tenho dificuldade com a purpurina da profissão. Sei que faz parte, mas é o meu temperamento”, explica Ana Beatriz, que convocou amigavelmente uma das maquiadoras de Celebridade para a auxiliar na sessão de fotos em seu apartamento na Gávea, Zona Sul do Rio.
Contratada por obra pela Globo, a carioca quer que suas aparições na tevê deixem de ser tão bissextas. “Estou sempre disposta para o trabalho”, avisa. Desde 1999, por exemplo, que só se dedicava ao cinema e teatro, até que em 2003 retornou para a telinha como a amarga Dona Rosa da minissérie A Casa das Sete Mulheres. Embora ressalte que atingiu um bom patamar de salário no cinema, Ana Beatriz comemora o contrato fixo de um ano para fazer Celebridade. “No teatro você não sabe se as pessoas vão assistir à sua peça e aí você vira ?classe econômica flutuante?”, descreve.
Ana Beatriz acredita que, ao contrário do que acontece com muitas atrizes, o tempo tem sido um aliado na carreira. A atriz afirma que, fora o “acidente de percurso” de ter ganho aos 20 anos um protagonista do porte de Vera, a qualidade de meus papéis tem aumentado.
Na trilha do cinema
Ana Beatriz despontou como promessa do cinema brasileiro aos 20 anos. Ela chamou a atenção pela interpretação da protagonista de Vera, filme de Sérgio Toledo, em 1987. A atriz aparecia de cabelos bem curtos, terno, gravata e uma postura masculinizada como a homossexual Vera. Ana Beatriz só não esperava receber pelo filme vários prêmios internacionais, inclusive o Urso de Prata do Festival de Berlim. Principalmente porque no ano anterior, a brasileira Marcela Cartaxo havia vencido na mesma categoria pela atuação no filme A Hora da Estrela. “Ter ganho após a Marcela foi uma prova de que o trabalho era mesmo bom”, ressalta.
A atriz aguarda este ano a estréia de três longas: O Vestido, de Paulo Thiago, Querido Estranho, de Ricardo Pinto Silva, e Diabo a Quatro, de Alice de Andrade. “O cinema é um amigo fiel”, orgulha-se.