Elas são atrações anunciadas da próxima CCXP, em dezembro – Gal Gadot e a diretora Patty Jenkins, de Mulher-Maravilha. Virão anunciar para o público o que será o 2, a nova aventura de Diana Prince, aliás, Wonder Woman, agora tendo de desempenhar sozinha, porque Chris Pine foi-se no desfecho do primeiro filme e não estará mais em cena – exceto, talvez, em flash-back. Hollywood tem dessas coisas. A indústria do divertimento é, basicamente, conservadora.

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Quanto tempo você, que se liga em comics, ouviu falar que haveria uma Mulher Maravilha, uma Capitã América, um Pantera Negra, um Aquaman? Por fugirem ao status dos super-heróis wasps, foram filmes que demoraram. Mais que o público, a indústria talvez não estivesse pronta para eles. Pantera Negra estourou nas bilheterias no bojo do reconhecimento de um cinema feito por negros – os Oscars para Jordan Peele e Spike Lee.
Mulher-Maravilha veio com a consolidação do movimento #MeToo, que colocou na roda – espalhou ao vento – as denúncias de abuso e assédio na indústria.

Os motivos da demora para Aquaman talvez tenham sido outros, mas valeu a espera – ainda não havia sido “inventado” o ator para o papel, Jason Mamoa. A bem da verdade, a Mulher-Maravilha ainda se ressente de uma certa ambiguidade. Ela possui a força, mas quem resolve a parada no primeiro filme é Chris Pine. E, em Avengers, seu papel, como num clássico de Howard Hawks, Hatari!, de 1962, é agregar os homens na casa, no mundo?, porque quem chega para resolver é um supermacho, o Superman. Mas o filme de Patty Jenkins é ótimo. Começa numa fenda do tempo (do universo?) no mundo mítico das amazonas, no qual cai o piloto Chris Pine.

A época é a 2.ª Guerra, vilões nazistas, uma médica que faz experiências brutais. E nesse universo Diana vai virar Wonder Woman. Gal Gadot, que faz o papel, foi Miss Israel e, num filme da série Velozes e Furiosos, supostamente passado no Brasil, ela é uma das mulheres-objetos que passeiam o bumbum diante da câmera, para criar o clima dos rachas de que participam Toretto/Vin Diesel e seus amigos.

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De objeto a sujeito – uma trajetória mais que interessante, vitoriosa. Mulher Maravilha é a atração desta segunda, 25, na Tela Quente da Globo, às 22h24. Chega à TV aberta. O desfecho no castelo dos nazistas evoca clássicos de guerra como Os Doze Condenados, de Robert Aldrich, e O Desafio das Águias, de Brian G. Hutton. Dois clássicos da virilidade. Testosterona pura. É algo a discutir, como em Thelma & Louise, no cult de Ridley Scott. Em nome do feminismo, a mulher deve repetir a trajetória dos homens?