Foto: Pedro Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias |
Rodrigo Faro tem dois discos solos gravados. |
Apesar do sobrenome, Rodrigo Faro demorou a farejar o potencial do feirante Tainha, de O Profeta, um dos personagens mais populares da novela. Na trama, seu ingênuo personagem toma banhos de perfume para disfarçar o cheiro de peixe, odor que não assusta Rodrigo. Tanto que não hesitou em conhecer de perto o dia-a-dia dos peixeiros. ?Aprendi a limpar os peixes e a manusear os bichinhos. E freqüentei muitas feiras também?, conta. Parece que Rodrigo incorporou o que aprendeu. Diz sentir-se confortável defendendo o papel e comemora a repercussão do trabalho nas ruas, principalmente com as crianças, que adoram a tatuagem de tubarão que o personagem gosta de exibir. ?Outro dia fui gravar em um cemitério e tinha umas 50 crianças pedindo para o Tainha mostrar o tubarão?, relata, aos risos.
A figura do peixe que o rapaz carrega fica na região lombar e deixa as mulheres da trama – todas muito comportadas – em polvorosa. ?Preciso retocar a figura todos os dias para gravar?, acrescenta. De acordo com Rodrigo, o perfil cômico de Tainha também atraiu a atenção do público masculino, uma experiência nova na carreira do ator que, com mais freqüência, deu vida a tipos românticos e galãs. ?Quando você faz comédia o assédio é mais diversificado. Sempre recebi grande retorno das mulheres. Mas nesta novela os caras me abordam para dizer que me acham engraçado?, admira-se.
A verdade é que Tainha é a primeira oportunidade que Rodrigo tem de fazer um personagem puramente cômico na tevê. Como o Heitor, de O Cravo e a Rosa, ele até se envolvia em situações engraçadas, típicas das novelas de Walcyr Carrasco. Mas as vilanias do papel é que marcaram mais. ?O Tainha realmente é um trabalho diferente de todos os que já fiz em minha carreira?, confirma, ao dizer que o papel é um ótimo exercício para um ator que sempre encarnou figuras sensíveis, que sofriam por amor.
Mas em O Profeta, Tainha também enfrenta o sofrimento de não ser correspondido pela manicure Gisele, a grande paixão de sua vida. Rodrigo tenta usar de maneira eficiente esse lado sofredor do peixeiro para humanizar o personagem. Ele conta que sua maior preocupação ao receber o convite para atuar na novela foi deixar o personagem o mais crível possível. ?Sabia que precisava fazer um personagem divertido, mas que tivesse um lado humano?, explica. Segundo Rodrigo, o sofrimento que Tainha enfrenta por amor faz com que as pessoas também se emocionem com ele. ?Porque se eu for engraçado todo o tempo, corro o risco de virar o palhaço da história. Não é assim que funciona?, enfatiza.
O Profeta é a quinta novela de época na carreira de 10 anos do ator, que está com 33 anos de idade. A primeira trama em que atuou foi Antonio Alves, Taxista, no SBT. Os trabalhos com Walcyr Carrasco, que cuida da adaptação do atual folhetim das seis, começaram em 2000 e só se fortaleceram com o tempo. Atualmente Rodrigo também pode ser visto em Chocolate com Pimenta, reprisada no Vale a Pena Ver de Novo. ?É bom saber que um autor como o Walcyr confia no meu trabalho?, comemora.
Apesar de colecionar uma boa quantidade de tramas de época na breve carreira, um dos trabalhos pelos quais Rodrigo tem mais carinho é Suave Veneno, de 1999. Na história, ele era Renildo, um jogador de futebol do Flamengo. ?Dá para imaginar o que é fazer um jogador desse time que tem tantos torcedores? O reconhecimento foi fantástico?, diz. Mesmo com toda a empolgação ao se lembrar de um trabalho do passado, Rodrigo não nega que Tainha também pode se tornar um dos papéis mais populares de sua vida. ?A novela começou há pouco e ?fogo na canjica?, gíria que já virou um bordão dele, está na boca de todo mundo?, exemplifica.
Ex-dominó
Além de conquistar o coração das fãs com o trabalho de ator, Rodrigo também chamou a atenção de muitas adolescentes quando cantou e dançou como um dos integrantes do grupo Dominó. De 1992 a 1994, o ator viajou pelo Brasil ao som das baladinhas perfeitamente coreografadas pelo quarteto. A empreitada foi curta, mas como a música é uma grande paixão de sua vida, ele foi atrás de outras experiências. ?Tenho dois discos solo gravados. Amo a música, tenho estúdio em casa e ensaio sempre que posso?, afirma.
Mas apesar de adorar fazer shows pelo país, Rodrigo, que sempre conseguiu mais visibilidade atuando, diz que a dificuldade é muito grande para levar as duas atividades simultaneamente. ?Não consigo conciliar as duas carreiras. Quando estou em uma novela, gravo todos os dias. É impossível divulgar um disco assim?, lamenta. Depois de lançar o primeiro CD em 2000, pela Sony, o ator soltou a voz também no álbum Chuva de Estrelas, com um estilo que define como pop-romântico. Os convites para integrar o elenco de folhetins, no entanto, nunca pararam, e Rodrigo cedeu à televisão. ?Mas tenho consciência de meu potencial como cantor. No momento em que eu achar bacana, volto a cantar?, enfatiza.