Cauã Reymond: “O Thor é um cara saudável”. |
Apesar de todas as aulas de kung fu de que participou no começo de seu trabalho em Da Cor do Pecado, Cauã Reymond não passou muito tempo pensando no perfil “guerreiro” de Thor. O ator, que lutou jiu-jitsu dos 14 aos 18 anos, não faz rodeios ao dizer que considera seu corpo muito bem preparado para qualquer tipo de treinamento físico. Por isso mesmo, sua primeira preocupação ao ler a sinopse de João Emanuel Carneiro foi com o universo emocional do personagem. Cauã se incumbiu desde então da tarefa – não muito objetiva – de compor a personalidade de um cara “muito bem-amado”, como ele costuma dizer. “Sabe aqueles bebês fofinhos, rosados, cercados de carinho e cuidado? O Thor era assim. É um cara saudável, que não reclama de nada”, define, abusando da criatividade. “Mas ele é inseguro, não consegue sair da barra da saia da mãe”, completa, sem esquecer os contrapontos, tão valiosos em qualquer interpretação.
Habituado a respostas curtas e poucas palavras, Cauã se anima ao falar da inusitada família Sardinha. Para ele, a relação entre os personagens do núcleo vai muito além do humor ingênuo, inspirado nos quadrinhos, que conquistou os telespectadores da novela. “A luta é praticamente uma filosofia para eles. Está ligada não só à honra, mas à coerção da família em si”, empolga-se o ator, que vê na união dos atrapalhados lutadores um belo exemplo a ser seguido.
Na opinião de Cauã, Thor e os irmãos Dionísio, Apolo, Ulisses e Abelardo, interpretados por Pedro Neschling, Reynaldo Gianecchini, Leonardo Brício e Caio Blat, só vivem brigando porque são imaturos. E a eterna disputa pela desejável e interesseira Tina, personagem de Karina Bacchi, seria mais um exemplo disso. “No começo da novela, quando o Thor derrotou o Apolo e ganhou um beijo dela, preferiu ir atrás do irmão que ficar ali, curtindo”, destaca, tentando comprovar sua teoria da união fraternal. Como se pode deduzir, Cauã não deixa dúvidas de que não está na torcida pela “maria tatame”. Mas acha que a gostosona do pedaço vai acabar mesmo na rede de Thor. “Ela é uma pistoleira, como diria a mamuska”, resmunga, fazendo graça.
Alegria
Contracenar com a intérprete da “mamuska”, Rosi Campos, tem sido uma das grandes alegrias de Cauã. Afinal, é justamente o fato de quase nunca ter atores mais experientes por perto que o ator aponta como o único porém do tempo que ficou em Malhação, sua estréia na tevê. “Lá, qualquer um tem a oportunidade de crescer. Se quiser, você agarra esta chance. Se não, vai curtir a fama, que dura pouco”, avalia, sem rodeios. Depois de duas temporadas no “folheteen”, Cauã confessa que não chegou a sentir saudades do trabalho. “Foi tudo ótimo, mas saí na hora certa. Estou contracenando com um elenco de primeira linha”, valoriza.
Cauã começou a carreira como modelo, aos 18. Até então, lutava jiu-jitsu “quase como profissional”, como ele próprio define. “Tinha patrocínio, equipe, treinava muito. Fui campeão americano e duas vezes campeão brasileiro”, enumera. O convite para atuar como modelo, no entanto, mudou completamente seus planos. E hoje o ator, de 23 anos, não tem a menor dúvida da escolha que fez. “A luta serve para alavancar a auto-estima das pessoas. Parei de sentir esta necessidade”, dispara.
De fato, depois de fotografar em países como Estados Unidos, França e Itália, esta não era a principal preocupação de Cauã. Com um curso do célebre Actors Studio no currículo, ele voltou ao Brasil e logo conquistou o papel do irreverente Maumau, de Malhação. Agora, acha que está tendo a oportunidade de intensificar a veia do humor, descoberta no “folheteen”, além de atingir um público mais amplo. “Alcancei um público diferente. E as crianças me olham como se fosse um super-herói”, diverte-se. Mesmo esbanjando satisfação, Cauã não vê a hora de compor outros tipos de personagem. “Adoraria fazer algo mais sério, como um drama, um épico ou uma minissérie de época”, ambiciona, determinado.
Na fila do cinema
A tela grande é a principal ambição de Cauã Reymond atualmente. O ator teve seu primeiro contato com o cinema em Ódiquê, de Felipe Joffily, que ainda não entrou em circuito. As filmagens aconteceram enquanto Cauã ainda estava em Malhação e, com o ritmo de gravações do “folheteen”, só lhe restavam as madrugadas para o trabalho. “Dormia cerca de três horas por dia”, lembra, orgulhoso. No filme, o ator interpreta Tito, um adolescente violento de classe média, que se envolve no mundo das drogas. “Foi ótimo, todo mundo trabalhou de graça e acho que vamos colher os frutos disso”, aposta.