Artistas que desejam publicidade gratuita para seus discos sempre recorrem à infalível fórmula do clipe polêmico. Basta mexer com sexo e religião, que também estará mexendo com os brios puritanos do Tio Sam e faturar nas manchetes. O cantor Prince, que explorou o sexo à exaustão, resolveu mexer num novo tema que faz o americano médio molhar as calças de medo, o terrorismo, provocando protestos de políticos, autoridades e grupos conservadores. No clipe de Cinnamon Grl, a atriz Keira Castle Hughes (A encantadora de baleias) faz o papel de uma terrorista suicida que explode uma bomba no lobby de um aeroporto.

A letra faz uma crítica ao clima de medo que se instalou no país após os atentados de 11 de setembro de 2001. Prince chama os EUA de Babilônia, a mesma terminologia usada pelos rastafaris para nomear os países corrompidos do Ocidente. Ele se refere aos árabes discriminados nos Estados Unidos após os atentados.

No clipe, a garota está com colegas numa rua de Nova York quando, de repente, olham para cima horrorizados, aparentemente por verem o choque de um avião contra o World Trade Center, porque a cena não é mostrada. Na sala de aula, os alunos vêem o atentado na televisão e olham para ela de cara feia. Mais adiante, é agredida na rua, a loja de seus pais ou parentes é depredada e picham as palavras “escória terrorista” numa vitrine. A garota faz suas orações, sai de casa pela janela levando uma mochila e pega um táxi para o aeroporto. Lá, um homem lhe entrega um passaporte, uma policial pede sua identidade mas não a revista. Ela olha em volta, abre a mochila, tira um detonador e aperta o botão.

“Enquanto os tambores de guerra soam na Babilônia/ Chamuscando o vermelho de sangue do céu/ Militantes bombardeiam o canhão estrangeiro”, canta Prince.

Mortes e mais mortes

Britney Spears causou polêmica pelo beijo desentope pia em Madonna na premiação da MTV, que acabou apenas insinuado no clipe de Me against the music (título mais que adequado, é só o que ela faz), mas causou o maior burburinho com o video de Everytime, em que simula suicídio.

Numa primeira versão ela aparecia afogada na banheira com um vidro de pílulas ao lado. A idéia era de uma morte acidental, mas logo organizações que combatem o suicídio entre adolescentes (tem de tudo na América) a acusaram de glamourizar o suicídio, o que poderia incentivar jovens. Britney então deixou tudo sugerido. Ela se afoga, é socorrida pelo namorado e levada numa ambulância.

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