Um sonho foi a ideia inspiradora para a concepção do musical Pernas pro ar, onde Cláudia Raia encarna Helô, uma dona de casa que vê sua vida ser transformada depois de uma experiência inusitada.
O espetáculo também é sobre um sonho, onde a protagonista é sonhada em um devaneio: as pernas descontroladas a levam a vivenciar uma outra vida fora da sua realidade cotidiana. Pernas pro ar chega a Curitiba para duas apresentações, neste sábado e domingo, no Grande Auditório do Teatro Positivo.
“Sonhei com uma caixa que andava pelo Brasil, eu estava dentro dela e falava sobre o universo feminino”, conta Cláudia Raia em entrevista por telefone ao O Estado do Paraná. Com direção de Cacá Carvalho, a intenção é que o musical seja um veículo para tratar da situação feminina nos dias de hoje.
“A mulher vem acumulando funções, é polivalente, e essa característica é extremamente desgastante. Queria falar de uma mulher que não consegue ir atrás de seus sonhos, que não é feliz com o que tem e com o que faz”, explica a atriz e bailarina.
Para transformar o sonho em realidade, o escritor Luiz Fernando Veríssimo montou o argumento e Marcelo Saback transpôs a ideia para o papel. No palco, a personagem é incorporada de plenos poderes quando as pernas passam a controlar o seu corpo.
Assim, ela liberta os desejos mais íntimos em meio a encontros e situações atípicas, dançando loucamente e correndo por territórios desconhecidos. Dessa forma tenta encontrar a chave para um novo modo de viver.
Estrutura
Tudo acontece dentro de uma caixa cênica, onde são exploradas as projeções volumétricas feitas por imagens 3D que passam a sensação de tridimensionalidade.
“Em uma cena o vestido sai da modelo e me veste, é tudo projeção. Isso nunca foi usado no Brasil. Queria uma estética diferente”. O figurino, a cargo de Marcio Medina, ainda explora materiais como papel, plástico e couro.
Além das questões estruturais, a preparação corporal da atriz exige muita dedicação e disposição. Para conseguir manter o fôlego durante o espetáculo, Cláudia faz exercícios aeróbicos e aulas de canto diariamente. “É uma luta para cada vez conseguir ofegar menos”, conta na entrevista enquanto faz uma sessão de esteira.
Para levar a cabo a mega produção, são necessárias 20 toneladas de equipamentos e uma equipe com mais de 150 pessoas envolvidas na montagem. Apesar da estrutura complicada de ser transportada, a caixa cênica diminui consideravelmente a quantidade de elementos do cenário. A idéia com a montagem do musical é de popularizar esse tipo de espetáculo e desbravar novos lugares.
“Os musicais são normalmente muito engessados e acabam ficando no trecho Rio-São Paulo. Queria que pessoas que nunca tiveram a chance possam assistir”, salienta a atriz, que acabou de retornar de uma temporada em Manaus.
A equipe também está ministrando workshops para organizações não-governamentais ligadas a canto, dança e artes cênicas pelas cidades onde passa. “É uma ótima troca de idéias. Tenho encontrado pessoas muito interessantes nesses lugares”, diz.
Além de Cláudia Raia, estão no elenco Marcos Tumura, Ruben Gabira, Jarbas Homem de Mello, Hellen de Castro, Daniel Nunes, Luana Zenun, Keila Bueno, Fábio Porto, Cléo Caetano, Oswaldo Romano, Alessandra Régis.
Serviço
Pernas pro ar. Neste sábado, às 21h, e domingo, às 19h, no Teatro Positivo (Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300) Ingressos: R$ 40,00 a R$ 150,00. Informações: (41) 3315-0808.