Dois discos fundamentais do tropicalismo acabam de ser relançados em edições comemorativas no seu formato original de vinil. Gilberto Gil e Caetano Veloso, ambos de 1968, formam com Tropicalia ou Panis et Circencis uma espécie de manifesto da fase heroica do movimento artístico de vanguarda surgido no final dos anos 1960 e que até hoje exerce forte influência sobre a produção cultural brasileira.

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Os dois “cinquentões” voltam repaginados, especialmente o álbum de Gil, em reprensagem da Gegê Produções Artísticas feita para a Revista Noize. Juntos, esses álbuns figuram nas principais listas de discos essenciais da música brasileira.

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No final dos anos 1960, o ataque tropicalista no mercado fonográfico tem início quando André Midani assume a direção da Philips. O executivo acreditava que o núcleo baiano representava a novidade da música brasileira, com potencial de vendas. Interessado em conectar o som nacional ao que se fazia lá fora, o produtor Manoel Barenbein coordenou a produção de todos os álbuns do movimento, gravados em São Paulo. O primeiro álbum solo de Caetano (antes, ele havia gravado um compacto na RCA e dividiu Domingo com Gal) incorpora toda a estética da Tropicália, da capa psicodélica ao repertório.

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Depois de estrear em LP com Louvação, com instrumentação tradicional, Gilberto Gil passa a andar lado a lado com os Mutantes no disco que lançou em 1968. Além da sonoridade arrojada, ele investiu em crônicas de costumes da época.

Em vinil amarelo, o disco chega acompanhado de um luxuoso encarte com as letras das dez canções e uma foto exclusiva do cantor e compositor usando um fardão como na capa original de 1968. Um objeto artístico por si só, o disco fica ainda melhor quando começa a rodar na ponta da agulha e surgem canções como Frevo Rasgado, Procissão, Marginália 2 e Domingo no Parque, todas emblemáticas do movimento e da carreira do cantor e compositor baiano. Talvez a obra seja a melhor síntese do ideal tropicalista de unir as tradições rurais brasileiras ao universo urbano, de juntar o acústico ao amplificado, o violão à guitarra elétrica. O aspecto intrigante do relançamento é que o disco soa ainda muito atual e, portanto, está distante de ser apenas um item de colecionador numa discoteca de MPB que se preze.

A má notícia é que o relançamento foi apenas para os sócios do clube Noize Records, no entanto, para além do aspecto simbólico dele, ainda é possível encontrar alguns exemplares disponíveis em sebos e sites especializados. O preço é bem salgado: algo em torno de R$ 300. Mais em conta é o relançamento recente, também em vinil (de 180 gramas), de Refavela, o não menos mítico nem menos histórico álbum de 1977, pelo selo Polysom. Ele está custando entre R$ 100 e R$ 120 nas melhores lojas virtuais do ramo.

Caetano. O relançamento de Caetano Veloso ocorre pelo selo norte-americano Third Man Records, de Jack White, do grupo The White Stripes. Nada mais nada menos do que Alegria, Alegria e Tropicália estão nesse álbum. O disco foi gravado ao lado da banda Beat Boys, que o acompanhou no festival da Record de 1967. É o álbum também de Superbacana e Soy Loco por ti América. Para os interessados, é possível adquirir esse joia no site da loja da gravadora: thirdmanstore.com. A partir de agora, levando-se em conta que os essenciais de Gal Gosta e dos Mutantes do período já foram relançados, só resta torcer para a volta ao mercado em vinil de Tropicália.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.