Publicado originalmente em 1975, O pensamento católico no Brasil, de Antônio Carlos Villaça, permanece atual e de importância inquestionável. Há tempos esgotado nas livrarias, a obra faz mais que discorrer sobre a evolução do pensamento católico no Brasil. Villaça, principal memorialista do Brasil, repensa, sob um ângulo crítico, a história intelectual do catolicismo brasileiro, que se confunde com a própria trajetória do autor. Destinado a se tornar um clássico do pensamento brasileiro, o livro é mais uma obra-prima de um mestre dos pequenos retratos da vida literária e da vida religiosa de seu tempo. O livro acaba de sair da gráfica da Editora Civilização Brasileira e chegou às livrarias nesta sexta-feira, dia 20 de janeiro.

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Villaça historiciza o catolicismo brasileiro, ?datando? a sua evolução e demonstrando sua conexão com a própria evolução geral do país. Trata-se portanto de uma exposição e análise das idéias que assinalaram a evolução do catolicismo nacional, dos tempos coloniais à hora presente. Todos os estágios por que passou essa evolução são apresentados através das grandes figuras que entre nós encarnaram a concepção de vida cristã, fossem pregadores, pensadores, polemistas ou filósofos, simples divulgadores ou intelectuais empenhados em tornar o catolicismo não só num poder espiritual como numa força temporal.

Conhecedor profundo da matéria, que domina nas suas mais íntimas minúcias, Villaça estava em condições excepcionais para escrever este livro porque, como católico, aceita a teologia das realidades terrestres, na linha de um Thils, de um Daniélou, de um Lubac, de um Chenu, grandes pensadores da Igreja que consideram ser indispensável dar à tensão Deus-mundo um sentido novo, reduzindo o dualismo espírito-matéria, corpo-alma, vale dizer, aprofundando o sentido imediato e transcendental do planeta Terra, em que fomos lançados. O catolicismo, para Villaça, como religião, não pode pôr em causa a autonomia do homem. Pelo contrário, sua missão é propiciar a plena realização humana. Para tanto, é preciso dissociar o cristianismo das posições platonizantes e estóicas, posições que impedem a compreensão de que o problema do homem é o problema capital da Teologia.

Entendendo a vida como emergência, Villaça entende o homem como liberdade, reconhecendo a autonomia dos valores terrestres. Destinado a se tornar um clássico do pensamento brasileiro, O pensamento católico no Brasil é mais uma obra-prima de um mestre dos pequenos retratos da vida literária e da vida religiosa de seu tempo.

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Antonio Carlos Villaça nasceu no Rio de Janeiro, em agosto de 1928. Jornalista, conferencista e tradutor, é reconhecido como um dos mais importantes memorialistas do Brasil. Autor de mais de 20 livros, dentre os quais Perfil de um estadista da República, pequena biografia do Barão do Rio Branco. Organizou, em 1962, um livro sobre o poeta romântico Junqueira Freire para a Coleção Nossos Clássicos (Agir). Como memorialista estreou com O nariz do morto (1970), ao qual se seguiram O anel (1972) – seu livro preferido -, O livro de Antonio (1974), Monsenhor (1975), Degustação, memórias (1994), Os saltimbancos da Porciúncula (1996), A descoberta do morro (1984), Manuel Bandeira (1984), O desafio da liberdade (1983), Alceu Amoroso Lima (1984).

Com o conhecimento adquirido em sua frustrada vida religiosa que, segundo alguns críticos, é a espinha dorsal de sua obra, produziu ensaios fundamentais: História da questão religiosa (1974), O pensamento católico no Brasil (1975), Tema e voltas (1976), Literatura e vida (1976), Místicos, filósofos e poetas (1976).

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Antonio Carlos Villaça foi agraciado, em 2003, com o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. O autor faleceu no dia 29 de maio de 2005.

O pensamento católico do Brasil – Antonio Carlos Villaça – Editora Civilização Brasileira – 336 páginas – Formato:

14 x 21 cm – Preço: R$ 42,90.