Celebrizada nacionalmente em 1999, quando abrigou um acampamento do MST durante 172 dias, a Praça Nossa Senhora da Salete agora será palco de nomes expressivos das artes e espetáculos de diversas regiões do Brasil. É o Circuito Cultural Banco do Brasil, projeto itinerante que há quatro anos leva as mais diversas manifestações artísticas para diversas capitais brasileiras. Curitiba, incluída no calendário desde a primeira edição, recebe a 18.ª etapa de hoje a domingo, encerrando a programação deste ano.
A grande atração de hoje na Tenda Principal é o pernambucano Lenine, que apresenta o show Falange Canibal, inédito em Curitiba. A abertura, às 20h30, fica por conta da cantora e compositora baiana Sylvia Patrícia, com o espetáculo do seu quarto disco solo, Purpurina 37. No sábado, às 21h, quem sobe ao palco é Ney Matogrosso, com o show Ney Matogrosso Interpreta Cartola e abertura da curitibana Rogéria Holtz. Outras 16 atrações estarão se aprensentando até domingo, incluindo o grupo Fato, que mostra sua interessante fusão do fandango com outros ritmos brasileiros.
Uma área de 3 mil metros quadrados, delimitada na praça, transformou-se num complexo de tendas, no melhor estilo Rock in Rio: na Tenda Principal vão acontecer as apresentações de grandes nomes da música brasileira, artistas locais, espetáculos teatrais, oficinas e exposições permanentes. As outras estruturas abrigarão as mostras de artesanato, palestras, seminários e a Roda de Leitura.
A grande novidade deste ano é o Festival Novos Talentos Musicais, que acontece no domingo, a partir das 19h. Nele, artistas selecionados se apresentam e são votados pelo público, em cédulas distribuídas durante o show. O melhor classificado ganha o direito de gravar uma faixa no CD coletânea do Circuito Cultural Banco do Brasil 2003. Os representantes paranaenses desta edição são o músico Henrique Mhao e as bandas Caxaprego e O Choro de Ontem.
A Roda de Leitura, atração de amanhã na Tenda-Auditório, será conduzida por Affonso Romano de Sant’Anna, e contará com uma homenagem ao crítico literário Wilson Martins. Como proposta educativa, haverá seminários de fotografia, ministrado pelo professor Eugênio Sávio, da PUCMG, oficinas de mímica com Miquéias Paz, e de técnicas para contar histórias.
Itinerante
Criado em agosto de 1999, o Circuito Cultural Banco do Brasil é um projeto itinerante que percorre o país levando ao público, a preços populares ou gratuitamente, as mais diversas expressões artísticas. O objetivo é promover a troca de experiências e informações entre artistas de diferentes regiões, numa proposta que pretende resgatar os valores de cada cidade por onde passa, promovendo o diálogo entre talentos nacionais e locais, entre capitais e interior, em cada estado onde se realiza.
No ano passado, o Circuito Cultural Banco do Brasil percorreu 24 cidades, totalizando aproximadamente 114 mil espectadores diretos. Nesse período, arrecadou mais de R$ 200 mil em bilheteria e mais de 13 mil quilos de alimentos não perecíveis, além de agasalhos e brinquedos, integralmente revertidos em favor de entidades assistenciais das comunidades locais.
***
Com exceção dos shows de abertura e encerramento, que custam 10 e 5 reais mais 2 quilos de alimentos e estão à venda na agência Banco do Brasil da Praça Tiradentes e no local, o ingresso para as outras atrações pode ser trocado apenas pelos alimentos. Informações e a programação completa no site
www.delmondo.com.br.Nordestinos invadem o palco no primeiro dia
O cantor e compositor Lenine, que não vinha a Curitiba desde a turnê de Na Pressão, lançado em 1999, promete um show incendiário hoje na Tenda Principal do Circuito Cultural Banco do Brasil. “Vocês podem esperar entrega total, que é como eu gosto de me apresentar”, disse o músico pernambucano ao Paraná-Online ontem. O repertório terá como base as músicas do CD mais recente – Falange Canibal, lançado pela BMG no ano passado, com nova tiragem este ano – mas deve incluir canções dos quatro discos anteriores. “Temos um roteiro de mais de 50 canções, o que nos dá a maleabilidade para mudar o programa, se for necessário”, explica. “Podemos fazer isso logo antes do show, o que provoca uma “adrenalina do bem'”.
Satisfeito por voltar a Curitiba (“tínhamos que voltar ao Paraná e ao Rio Grande do Sul”), Lenine elogia a iniciativa do Banco do Brasil: “Sou parceiro antigo, já participei em vários outros lugares. Mas é uma idéia excelente para mostrar essa diversidade cultural claríssima que temos no Brasil, e que normalmente não freqüenta os meios de comunicação habituais. Está na hora de o Brasil descobrir os outros brasis que estão à margem”, conclui.
Representante deste “Brasil marginal”, a baiana Sylvia Patrícia, que faz a abertura do show de Lenine e debuta em Curitiba, vem mostrar que nem só de axé e Caetano vive a Bahia. Com o primeiro disco lançado em 1989 e formação erudita, Sylvia apresenta o quarto disco, Purpurina 37, em que passeia pelo soul, funk, rhythm&blues, bossa nova, blues e até flamenco. “Gosto de música de carnaval no carnaval. Temos uma cena musical muito rica na Bahia, com excelentes músicos de jazz, blues e MPB que acabaram ofuscados pelo axé”, observa.