Cinesesc abre retrospectiva do cineasta Elyseu Visconti

Ao mesmo tempo que se realiza na Cinemateca a mostra a Carlos Reichenbach, o Cinesesc programa a retrospectiva em homenagem a outro ‘maldito’ do cinema nacional – Elyseu Visconti. A exemplo de Carlão, Visconti é representante da vertente contracultural do cinema brasileiro. Tem dois longas, “Os Monstros de Babaloo” (1970) e “Lobisomem: O Terror da Meia-Noite” (1974). A retrospectiva do Cinesesc traz uma exposição, além dos filmes, composta de fotogramas, objetos e documentos do autor. Visconti é, além de autor de filmes de ficção, documentarista etnográfico, com obras como “Folia do Divino”, “Feira de Campina Grande”, “Ticumbi”, entre outros. Esse talvez seja o lado menos conhecido de uma obra que já não prima pela grande divulgação.

A mostra começa na terça-feira e, na quarta, haverá, no saguão do Cinesesc, um “Cinema da Vela” com a presença do próprio Elyseu Visconti, o cineasta Julio Bressane e convidados, para discutir a obra do homenageado. Para quem não sabe, o Cinema da Vela é uma iniciativa do Cinesesc. São debates, realizados sobre vários temas ligados ao cinema, e que se prolongam pelo tempo de duração de uma vela acesa colocada sobre a mesa. Dura hora e pouco. Enfim, debates e retrospectiva podem jogar novas luzes sobre a obra desse autor bastante ligado ao cinema dito “marginal”. Entre aspas porque alguns dos diretores assim classificados (é o caso de Julio Bressane) não gostam do rótulo. Acham que só contribui para marginalizá-los ainda mais.

Enfim, um filme como “Os Monstros de Babaloo”, com sua estética do exagero e do deboche, da paródia e alegoria, sobre uma família grotesca que vive na imaginária ilha de Babaloo, é o exemplo mais perfeito do cinema contracultural feito na época. Chamá-lo de marginal ou não, é uma opção. Mas que era um cinema a contrapelo, isso não se nega.

Há um detalhe interessante sobre essa produção, situada entre o final dos anos 1960 e começo dos 1970. Ela parece bem datada, com sua anti (estética) gritada e exagerada. No entanto, exerce fascínio sobre as gerações mais jovens. É o espírito de rebeldia, que viaja através das décadas e momentos históricos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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