Leitores da antiga Coleção Terramearear até hoje se lembram das aventuras de Tarzan, tal como foram contadas por Edgar Rice Burroughs e traduzidas por escritores/poetas do calibre de Mário Quintana e Manuel Bandeira. Burroughs não criou a série Barsoom por acaso. Tarzan, em suas páginas, viveu aventuras em Camelot, no Império Romano, no centro da Terra. Enfrentou cavaleiros medievais, legiões romanas (e o Circo Máximo), animais antediluvianos. Hollywood, que desde a primeira hora incorporou o filão, nunca seguiu esses voos de imaginação. Os filmes de Tarzan foram todos, ou quase todos, variações da vertente mais realista de Tarzan, o Homem-Macaco e A Volta de Tarzan.
O primeiro Tarzan foi Elmo Lincoln, ainda no silencioso. O primeiro que marcou, o ex-campeão de natação Johnny Weissmuller. Em 1934, sob a direção de Cedric Gibbons, Weissmuller encontrou sua companheira, Jane. Tarzan and His Mate. Na Hollywood pré-Código Hays, nadaram nus, ela vestiu trajes minúsculos e até dormiram juntos. A farra iria acabar em seguida.
De divertimento adulto, Tarzan tornou-se divertimento familiar. Nada impróprio para menores. Mas, por volta de 1960, o produtor Sy Weintraub adquiriu de Sol Lesser os direitos e fez, na Paramount, A Maior Aventura de Tarzan. Sob a direção de John Guillermin – e tendo como um dos vilões um certo Sean Connery, na fase pré-007 -, Gordon Scott encarnou um Tarzan introspectivo. Chegava a dizer que estava envelhecendo. Décadas mais tarde, nos anos 1980, o herói ressurgiu mais atormentado ainda em Greystoke, A Lenda de Tarzan – O Rei da Selva.
O modelo do diretor Hugh Hudson era François Truffaut – O Garoto Selvagem. O conflito entre instinto e cultura repressora. Não é só no impresso, nos livros, que Tarzan vai ressurgir, mais uma vez. A Warner prepara, para 2016, seu blockbuster sobre o rei da selva. David Yates, da série Harry Potter, dirige. O sueco Alexander Skarsgaard, de outra série, True Blood, veste a tanga. Yates é bom, há que pôr fé na ressurreição do homem-macaco.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.