O diretor alemão Roland Emmerich é aficionado por histórias de fim do mundo. Que o digam seus filmes anteriores, como Independence day e O dia depois de amanhã.
Sua nova obra, 2012, aborda uma vez mais a destruição do mundo, desta vez tendo como pano de fundo a profecia maia que prevê profundas transformações para daqui a três anos.
Mas é só. Quem for ao cinema esperando relações mais intensas com simbologias ou explicações do calendário maia, vai perder seu tempo. De resto, 2012 é bem semelhante a outros filmes de catástrofes naturais em escala mundial, permeado de ótimos efeitos especiais de última geração e de uma crítica social a partir do processo escolha sobre quem poderá ser salvo e quem terá que ser sacrificado para que a raça humana tenha continuidade.
Para o diretor, a obra não é sobre o fim do mundo, mas sobre o recomeço. Por isso a alusão com a Arca de Noé, presente em 2012. Para aqueles que gostam desse tipo de filme, 2012 vai ter tudo aquilo que se espera de um filme-catástrofe: computadores de última geração em contato com cientistas e pesquisadores de diferentes partes do planeta observando a mesma alteração nos fenômenos naturais e o desastre iminente (com direito à frase-chavão: “mas isto é impossível”); seitas religiosas provocando suicídio coletivo antes do temido “fim”; loucos pelas ruas com faixas com dizeres semelhantes a “o fim está próximo” e grandes ícones construídos pelo homem sendo derrubados por terremotos ou tsunamis inimagináveis até então.
Esse foi um dos elementos, inclusive, utilizado para aguçar a curiosidade mundial para o lançamento do filme, com cartazes “regionais”. Aqui no Brasil, por exemplo, o cartaz de 2012 mostra o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, desabando.
Um dos pontos altos da megaprodução, que já chamava a atenção nos filmes anteriores de Emmerich, são os efeitos especiais, que tomam conta de mais da metade do longa.
A produção construiu alguns estúdios externos com “shaky floor”, sets gigantescos construídos sobre sistemas de suspensão que o diretor podia movimentar enquanto os atores corriam por cima dele. Foram consumidas 500 mil toneladas de aço só para que todos esses sistemas fossem construídos para essas plataformas móveis.
Outras cenas foram feitas por meio de produção digital. “O objetivo é que o espectador não perceba o que foi construído fisicamente e o que são efeitos visuais, criados no computador”, explica o desenhista de produção, Barry Chusid.
Além dos efeitos especiais, o diretor acredita que para o filme fazer sucesso, o público precisa se identificar com os personagens que passam pela situação. E talvez disso vá depender a opinião final do público sobre 2012.
A profecia maia
O calendário do povo maia, grande conhecedor da astronomia, prevê que grandes transformações devem acontecer durante o solstício de inverno de 21 de dezembro de 2012.
Por conta disso, o mundo tal como o conhecemos não mais existirá, segundo a profecia. Ou seja, as escritas deixadas pelos maias nas pirâmides não preveem o fim do mundo, mas que mudanças profundas estão para acontecer e um novo ciclo terá início na Terra.
Durante o solstício de 2012, a Terra estará alinhada com o Sol e com o centro da Via Láctea, onde existe um buraco negro. Interpretações do fenômeno dão conta de que esse alinhamento com o buraco negro levará a uma mudança do campo magné,tico da Terra, conforme mostra o filme de Emmerich.
Outras teorias, como a do I Ching, também trariam previsões sobre grandes mudanças no fim do ano de 2012. E, pelo visto, conforme o ano de 2012 se torna mais próximo, junto com o filme que estreia hoje, livros sobre o possível fim do mundo têm pipocado, alguns tentando interpretar as profecias maias e outros querendo rebater essa onda de fim dos tempos, com outras explicações para o legado deixado pelo povo maia.