Há quatro semanas ele estava em coma em um hospital do Cairo, capital do Egito, em decorrência de uma hemorragia cerebral. Domingo (28), Youssef Chahine morreu, aos 82 anos. Considerado o mais importante diretor do mundo árabe, o cineasta egípcio era cultuado principalmente na França, onde o presidente Nicolas Sarkozy divulgou um comunicado destacando que Chahine foi “um defensor fervoroso da liberdade de expressão”. Em 1997, o diretor havia recebido um prêmio especial pelo filme O Destino, no Festival de Cannes. Também na Croisette, integrou o seleto grupo de autores convidados a dar “a lição de cinema”.

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Diretor há quase 60 anos, Chahine estreou em 1950 com Baba Amine. Cinco anos mais tarde, em Sira Fi Mina, lançou um jovem ator que faria sensação, no começo dos anos 60, no épico Lawrence da Arábia, de David Lean – Omar Sharif. Era admirador de Federico Fellini, mas possuía um estilo bem distante do barroquismo que caracterizava seu colega italiano – era simples e direto, o que não impedia que seus filmes recorressem a elementos como melodrama e números musicais, muito fortes na produção egípcia.

Em filmes como sua biografia de Nasser e Adieu, Bonaparte, sobre a incursão de Napoleão pelo Egito, Chahine ganhou fama de radical, provocando polêmica por sua visão negativa do Ocidente. Embora favorável a Nasser, nunca foi um cineasta “oficial”. Sua obra é toda ela uma denúncia da opressão e da censura. Seus filmes sobre a condição feminina na sociedade egípcia abordam o tema da sexualidade com uma franqueza que irritava as autoridades religiosas. Elas também invocaram o Corão para pedir a proibição de O Emigrante, em 1994. O filme sobre o profeta José foi considerado blasfemo por dar um rosto ao religioso. A polêmica prosseguiu nos últimos anos, quando Chahine virou crítico do extremismo islâmico em ascensão no país. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

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