O homem que transformou o cinema em uma alucinante mistura de tempo, espaço, sexo e morte chega ao Brasil no domingo. O cineasta David Lynch, criador de Twin Peaks, desembarca neste dia no Rio de Janeiro, iniciando um périplo em que, até o dia 9, vai passar também por São Paulo e Belo Horizonte para divulgar seu livro ‘Em Águas Profundas – Criatividade e Meditação’ (tradução de Márcia Frazão, 204 páginas, R$ 29,90) que a editora Gryphus lança nos próximos dias. Trata-se de uma série de capítulos curtos em que o criador de Veludo Azul e Império dos Sonhos revela as influências da prática da meditação transcendental em sua vida e obra.
Lynch tornou-se adepto da prática na década de 1970, antes mesmo de estrear no cinema com Eraserhead. O filme, aliás, era um dos preferidos do diretor Stanley Kubrick (O Iluminado, De Olhos Bem Fechados), como Lynch revela, com orgulho, no livro. A aproximação veio com o interesse pelo movimento espiritual criado pelo guru indiano Maharishi Mahesh Yogi, que seduziu outros simpatizantes como os Beatles.
Inicialmente cético, Lynch cedeu à experimentação em 1973, convencido pela irmã. Ao lado de uma orientadora que se parecia com Doris Day, ele tomou conhecimento de um mantra, que deveria ser repetido em duas sessões diárias de 20 minutos para atingir um estado de “alerta descansado”. “Foi como se estivesse em um elevador cujo cabo se rompesse de repente”, escreve, no livro. “Caí direto na mais pura felicidade.
Aos 62 anos e ainda fiel ao cabelo aparado dos lados e crescido no topo, Lynch não acredita no futuro do cinema – para o homem que criou imagens alarmantes, com mudança de identidades e erotismo que transgride normas, o caminho é a internet. “A TV que hoje conhecemos está condenada, assim como filmes realizados para salas de cinema e DVDs. Hoje temos de pensar no formato de internet e é o que pretendo fazer com meu trabalho”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.