Cine Plaza tenta resgatar os bons tempos

Plaza2.jpgEntre os dias 24 e 30 de outubro de 2005, o Cine Plaza acolherá duas mostras e a as cerimônias de abertura e de encerramento do 9o Festival de Cinema, Vídeo e DCine de Curitiba. É nesta tradicional sala de exibição da capital paranaense que o público poderá conferir novos títulos da cinematografia brasileira ? como Sal de Prata, de Carlos Gerbase, que abrirá o evento; e Crime Delicado, de Beto Brant ? e os curtas e médias-metragens em 16 e 35 mm concorrentes na competição de filmes.

Uma das poucas salas não localizadas em shopping center da cidade, o Cine Plaza abriu suas portas há 40 anos. E, antes de abrigar algumas das sessões principais do 9.o Festival de Cinema, Vídeo e DCine de Curitiba, marcou a história de muita gente, que pôde assistir a títulos de sucesso nos 1.200 lugares disponíveis em seus áureos tempos.
De lotadas matinês a concorridas pré-estréias no horário da meia-noite, foram milhares de homens, mulheres e crianças que entraram em contato com magia do cinema dentro do Cine Plaza. Alguns deles com histórias curiosas, algumas delas ainda na memória de Zito Alvez Cavalcanti, responsável pelo atendimento técnico do Plaza, entre outros cinemas da capital.

Com 63 anos de profissão, Seu Zito, como é mais conhecido, está ligado ao Plaza há quase quatro décadas. Além de exercer o ofício na sala escura, onde começou como operador (?Eu passava os filmes, carregava o projetor, cuidava da iluminação e, de vez em quando, conseguia assistir a algum filme?), observou episódios curiosos, histórias pitorescas que contam um pouco sobre o comportamento do público de cinema em Curitiba.

Como quando Os Guarda-chuvas do Amor, filme do francês Jacques Demy e estrelado por Catherine Deneuve, foi exibido, na década de 60. ?O filme é todo cantado, não tem um grande apelo. Então, o gerente resolveu fazer uma exposição de guarda-chuvas, junto com uma loja do ramo?, lembra Seu Zito. ?Resultado: no último dia de exibição, cinco dos vinte guarda-chuvas expostos tinham sido levados embora?.

Mais interessante, no entanto, foi a passagem de O Império dos Sentidos (1976), de Nagisa Oshima, pela tela do Plaza. Em plena ditadura militar brasileira, o Plaza foi um dos primeiros cinemas brasileiros a exibir a fita (que contém cenas de nudez e sexo), e logo no primeiro dia o público ?avançou?. ?O cinema lotava todo santo dia. E algumas pessoas, mesmo vendo o filme inteiro, reclamavam muito na saída?, recorda Zito. ?Até que, certo dia, uma senhora de idade que morava em um prédio vizinho chegou ao Plaza, e o gerente perguntou: ?A senhora não se enganou de filme??. No que ouviu a seguinte resposta: ?Não. Eu só vim tirar uma dúvida: se as japonesas são realmente diferentes da gente?. E ela ficou até o fim da sessão?, conta Zito, divertindo-se.

Dos 1.200 lugares originais restaram apenas 950. ?Fizemos algumas doações de cadeiras porque não tínhamos o público de antes e outras pessoas necessitavam delas?, conta. Para receber o Festival, a produção do evento está reformando o cinema. Estão sendo recuperadas poltronas, banheiros, hall de entrada, além de nova pintura e paisagismo.

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