Para o diretor Halder Gomes, um dos motivos do sucesso de Cine Holliúdy é o fato de se tratar de um filme cearense feito por cearenses. A produção, que estreou em agosto no Ceará, fez 100 mil espectadores com apenas nove cópias. “Esta média dá cerca de 2,3 mil espectadores por cópia. E isso só foi aumentando com o boca a boca. É maior que a média do Titanic no Ceará. E isso aconteceu também porque o público se reconheceu na tela”, diz.

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“O nordestino da TV, das novelas, em geral, não é o real. Então, quando o Nordeste se vê na TV, não se reconhece”, comenta o diretor. “O Brasil é imenso. Há tantas culturas no Nordeste. Quando um cearense se vê numa novela, vira pro pernambucano e diz: ‘Macho, é tu ali?’ E o pernambucano responde: ‘Cabra, não sou eu não'”, brinca o diretor, que domina como poucos a arte de fazer humor de si mesmo sem cair em preconceitos e no famigerado bullying.

“No Ceará não tem bullying não. É assim que eles são mesmo. O filme é ‘eles por eles mesmos’. É autêntico. O que se fala em cena, eles dizem entre eles. Dão tapa na cabeça. Brincam muito com as crianças, dizem: ‘Vem cá seu orelhudo…’. Eu, carioca, achava estranho. Mas vi que é brincadeira”, conta a atriz Miriam Freeland, a única não cearense do elenco, que na trama vive Maria das Graças, mulher de Francisgleydisson (Edmilson Filho). “Mergulhar nesta atmosfera foi meu desafio. Pesquisei muito, entendi a musicalidade.”

Por ter em seu DNA este humor escrachado típico do Ceará, que já presenteou o Brasil com tantos talentos (Chico Anysio, Renato Aragão, Falcão…), pode passar a impressão de que Cine Holliúdy é um filme de nicho. “Pelo contrário. Este filme é para o ‘canelau’, pro povão. Humor é universal”, comenta o humorista Marcondes Falcão, que na trama vive o Cego Isaías. “Esta era uma preocupação que eu tinha quando lancei meu primeiro disco, que tinha um ‘cearensês’ pesado. Foi impressionante. Todo mundo entendeu.”

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CINE HOLLIÚDY – Direção: Halder Gomes. Gênero: Comédia (Brasil/2012, 91 minutos). Classificação: 12 anos.

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