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Ciclo no CCBB valoriza importância do som nos filmes

Onze entre 10 espectadores vão dizer que cinema é imagem, e para dizer a verdade ele começou mudo, com os irmãos Lumière, em 1895. Mas o cinema aprendeu a falar no fim dos anos 1920 e, desde então, sofreu sucessivas revoluções tecnológicas. Se você vai a uma sala Imax já está acostumado com o que se chama de “otimização”. O público não é preparado para ver o filme, mas para ser parte dele.

Começa nesta quarta-feira, 4, no CCBB o ciclo de filmes Som – A História Que Não Vemos, com curadoria de Bernardo Adeodato. Serão exibidos desde longas como o mítico O Cantor de Jazz, de 1927, o primeiro filme sonoro do cinema – famoso porque um ator branco interpretou um personagem negro – até obras recentes como O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho. A seleção inclui clássicos como Entusiasmo, de Dziga-Vertov; M, o Vampiro de Dusseldorf, de Fritz Lang; Quando Duas Mulheres Pecam/Persona, de Ingmar Bergman; Playtime/Tempo de Diversão, de Jacques Tati; 2001 – Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick; Era Uma Vez no Oeste, de Sergio Leone; A Conversação e Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola; Eraserhead, de David Lynch; e Gravidade, de Alfonso Cuarón.

Diz o curador – “A mostra dedica-se a discutir e valorizar o uso do som, seja narrativamente, artisticamente ou criativamente; sublinhando sua função essencial no cinema contemporâneo, com sistema surround e tecnologias que expandem cada vez mais seus limites”. No dia 19 – o encerramento será em 23 -, haverá debate de Bernardo Adeodato com o técnico de som João Godoy e Eduardo Santos Mendes. Pegando carona no título do evento, a ideia é discutir o som não apenas como ferramenta mas em suas funções estrutural, psicológica, narrativa.

O som exprime a desordem mental dos protagonistas de A Conversação e Eraserhead. Vira experimento com Vertov e Kubrick. É expressionista com Lang – o “vampiro”, acuado, capta pelo som a aproximação de seus captores. O som é personagem central de O Som ao Redor. Os ruídos de Playtime projetam M. Hulot na urbanidade. O silêncio em Bergman carrega de tensão a incomunicabilidade das mulheres de Persona. Você não vai “ouvir” o cinema do mesmo jeito depois desse ciclo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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