Manter um grupo de teatro não é tarefa das mais triviais. Existem as dificuldades financeiras a conspirar contra sua longevidade, o desafio de buscar novos repertórios, a árdua empreitada de dirimir desavenças entre artistas – gente que, diz o senso comum, tem lá suas idiossincrasias. Agora, imagine juntar duas companhias – com histórias, estilos e sedes em Estados diferentes? É essa a pretensão da carioca Cia. dos Atores e do grupo paulistano Os Fofos Encenam, que acabam de firmar uma parceria.

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Não há só a geografia a separar os dois coletivos. Além de sediadas em cidades distintas, Cia. dos Atores e Os Fofos construíram trajetórias divergentes. Os cariocas surgiram há 22 anos. Acostumaram-se a criar seus textos em processos colaborativos ou a reler em chave muito particular clássicos, como “Hamlet”, de Shakespeare e, mais recentemente, “Lulu – A Caixa de Pandora”, de Franz Wedekind.

No caso dos Fofos, o tempo de estrada não chegou ainda a uma década. E quem passa em revista o seu repertório encontra uma história outra: que esbarra no circo-teatro e faz uma ponte com questões bem “brasileiras”. Basta olhar para a herança patriarcal descrita nas obras de Gilberto Freyre e que encontrou forma em montagens como “Memória da Cana”.

Se tudo aparentemente os afastava, o que motivou a recente união? Newton Moreno, diretor e dramaturgo dos Fofos, ensaia uma explicação falando em curiosidade. “Sempre nos interessou entender de que maneira eles explodem e expandem esses textos clássicos. E acho que eles também têm uma curiosidade sobre os nossos processos. O que nos uniu foi a dramaturgia.”

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É o projeto Rumos, do Itaú Cultural, quem deve financiar a aproximação. E a intenção é que a contaminação já apareça nos trabalhos futuros dos coletivos – tanto em “Auto-Peças 2”, nova criação da Cia. dos Atores, quanto em “Pentateuco”, projeto que a trupe de São Paulo planeja conceber em 2011. “Construir um espetáculo comum não chega a ser um objetivo”, ressalva Moreno. Mas também não é uma ideia que esteja completamente descartada.

Serão três as etapas de aproximação. Cada uma das companhias deve passar alguns meses do outro lado da ponte aérea. Conhecendo e participando dos processos de criação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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