No próximo final de semana ? sexta a domingo ?, Christiane Torloni comemora 30 anos de carreira no palco do Guairão, vivendo três personagens distintas na comédia "Mulheres por um Fio". Cada uma dessas mulheres carrega seu universo, desenhadas por Jean Cocteau, Dorothy Parker e Miguel Falabella. José Possi Neto, conhecido pela elegância de seus trabalhos, assina a direção.
Em cena, as protagonistas situam-se em diferentes épocas, têm suas peculiaridades e estão à volta com seus dramas cotidianos, mas ainda assim existe algo em comum entre elas: o telefone. Outro ponto em comum é que do outro lado da linha está um homem ? ou deveria estar.
Não importa se a paixão ainda existe, está em banho-maria ou figura no terreno hipotético de uma conquista não consumada ? é sobre as armadilhas do amor, curas e dores que o espetáculo desenrola.
A montagem abre-se com um texto mais denso, "A Voz Humana", de Jean Cocteau ? que Normal Benguel trouxe a Curitiba há mais de 15 anos ?, é ambientado em 1930, mesma data em que foi escrito. É a narrativa de um amor trágico, com os diálogos sendo prejudicados pela precariedade das transmissões telefônicas da época. Entre os grandes nomes que interpretaram este papel estão Ingrid Bergman e Anna Magnani. O diretor, em parceria com Jean-Pierre Tortil, é responsável pela tradução.
O segundo quadro, "Um Telefonema", tem autoria de Dorothy Parker. Aqui, uma lindíssima e louríssima jovem, bem ao estilo hollywoodiano dos anos 1950, espera ansiosa pelo telefonema do príncipe encantado. Enfim, o homem que ela tanto aspira para ter em sua vida. Publicado originalmente como uma crônica, o texto foi traduzido por Ruy Castro e adaptado para o palco por José Possi Neto.
Miguel Falabella escreveu "Pour Elise ou Uma Mulher de seu Tempo", especialmente para esta montagem. O público que teve contato com a francesa e a americana, inseridas em outras épocas, vai encontrar na última parte do espetáculo uma personagem atual: é brasileira, passou um pouco dos 40, e tem à sua volta uma ciranda existencial: o ex-marido, a filha, o namorado, a mãe, massagista, um cirurgião plástico genial e, para completar, parceiros sexuais de ambos os sexos.
Ao contrário da francesa que tem a solidão aumentada com a precariedade tecnológica, da infantilidade da americana apaixonada em plenos anos dourados, esta brasileira tem seu tempo consumido entre afazeres e os telefonemas nervosos que chegam pelos três celulares. São tortuosos, ou vistos distraidamente, os caminhos da felicidade.
Serviço
"Mulheres por um Fio", com Christiane Torloni.
Dias 2 e 3 de setembro (sexta e sábado), às 21 horas, dia 4 (domingo), às 19 horas, no Guairão.
Ingressos: R$ 40,00 (platéia e primeiro balcão) e R$ 30,00 (segundo balcão).