Villa-Lobos: um dos primeiros arautos do choro. |
O choro, nascido em 1870, é o tema de três CDs em lançamento pela gravadora Kuarup, que vem elegantemente comemorando seu jubileu de prata. Lidera os lançamentos o CD Villa por Chorões, que segundo o produtor Mário de Aratanha, “realiza um velho sonho nosso e, de certa forma, do próprio Villa-Lobos, que sempre mergulhou fundo neste virtuosismo carioca de fundo de quintal”.
Villa-Lobos e o gênero estão no catálogo da gravadora, mas, observa o produtor, “nunca reunimos em um CD as peças do Villa tocadas pelos verdadeiros chorões. Quando, há tempos, o produtor Pelão nos licenciou uma gravação do Schottisch-Choro pelo Rafael Rabello, nos veio a idéia de reconstituir a Suite Popular Brasileira só com violonistas chorões. Daí para o CD Villa por Chorões foi um pulo.
Produziram-se gravações novas – Mazurka-Choro, Chorinho e Choros n.º 1 – que juntaram-se a alguns clássicos do catálogo da Kuarup. Foi convidado o Zé Andrade para moldar as figuras da capa, e o resultado é este CD antológico.
Além da Suite para violão recriada por craques como os irmãos Assad, o Henrique Annes e o Luiz Otávio Braga, desfilam a famosa Bachianas n.º 5, em duas fases do genial Paulo Sérgio Santos, os melhores momentos da turnê do Sexteto Brasileiro pelos EUA (Trenzinho do Caipira e Choros n.º 6), a estréia do cavaquinho de Henrique Cazes no Choros n.º 1 (com Marcelo Gonçalves) e a ousada versão da Melodia Sentimental pelo Rabo de Lagartixa, apontando novos caminhos para o estilo.
Estilo que vem também se renovando nos sopros da melhor dupla de metais do choro: Zé da Velha & Silvério Pontes. Em 2000, o trombonista e o trompetista gravaram o CD Ele e Eu, e lançaram em pequena tiragem no Rio de Janeiro. Agora sai em edição nacional pela Kuarup, que já tinha gravado o primeiro CD da dupla, o Só Gafieira, de 1995.
Ele e Eu está cheio de sonoridades contemporâneas em geniais releituras de Pixinguinha, Bonfliglio de Oliveira, Paulinho da Viola, Cartola, Waldir Azevedo, Nelson Cavaquinho e outros.
Alegre e vibrante, bom pra ouvir e bom pra dançar. Conta com as participações especialíssimas de Francis Hime ao piano, Luiz Alves no baixo, Valter Silva no violão de sete cordas, Márcio Almeida no cavaco, Ronaldo do Bandolim e mais um time de feras.
Sempre elogiadíssima pela crítica, a dupla já se apresentou por todo o Brasil, na França e em Portugal. Zé da Velha Guarda, hoje Zé da Velha, considerado o melhor trombonista de choro da atualidade, ganhou o apelido dos seus mestres Pixinguinha, Donga e João da Baiana. Tocou com Jacó do Bandolim, Waldir Azevedo Copinha, Abel Ferreira e Joel do Nascimento e, junto com Paulo Moura, animou muitos bailes de gafieira. Silvério Pontes é filho de trompetista, nasceu apaixonado pelo instrumento e ganhou o seu primeiro trompete aos oito anos. Veio de banda do interior e já tocou com Luís Melodia, Tim Maia (por vários anos), Ed Mota, Elza Soares e Cidade Negra, mas eu coração sempre foi do chorinho.
Completa o pacote o CD Primeira Classe, do grupo Nosso Choro, principal conjunto paulista surgido depois da geração de ouro de Isaías e Evandro. Produzido por Téo Azevedo, o disco sai com o aval do carioca Sérgio Cabral, que classifica a seleção como “promissora, nas só pela presença de monstros sagrados, como Pixinguinha, Garoto, Anacleto, Dilermano, Nazareth, Jacob e Alves de Mesquita, como pela participação de compositores que mantêm acesa e amplia a chama do choro”.