Álbum referencial da bossa nova, “Chega de Saudade” (Odeon), de João Gilberto, está fora de catálogo há décadas no Brasil. As cópias da edição original chegam a custar até US$ 150 (R$ 277,50) e uma de capa dura, em melhor estado de conservação, está à venda por US$ 503,21 (R$ 930,93) no site de leilões eBay.
Nunca havia sido lançado em CD, pelo menos na forma como foi concebido em LP. Até que ganhou uma edição digital e expandida na Inglaterra pelo obscuro selo EL. O CD com 24 faixas pode ser comprado nos sites amazon.com, amazon.co.uk e dustygroove.com.
Além das 12 faixas do álbum original – “Bim Bom” incluído, naturalmente -, o CD contém outras três preciosidades: “A Felicidade” e “O Nosso Amor” (ambas de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes) e “Manhã de Carnaval” (Luiz Bonfá/Antonio Maria). São gravações que só saíram em dois singles de 78 RPM e num raríssimo compacto duplo com as músicas para o filme “Orfeu do Carnaval”.
Além dessas, há outras faixas-bônus no CD, que têm afinidade com o disco, o estilo e o repertório de João, como “Hô-Bá-Lá-Lá” e “Minha Saudade” (dele e Donato) interpretadas por Elizeth Cardoso, Os Cariocas, Alaíde Costa, João Donato, Bola Sete e outros.
As faixas dos três primeiros LPs de João Gilberto foram reunidas de forma aleatória no CD “O Mito”, de 1992, à revelia do cantor – da mesma maneira como “A Felicidade” e “O Nosso Amor” foram transformadas num medley para poder caber no álbum.
Por conta disso e por adulterações na masterização (como a inclusão de ecos inexistentes nas gravações originais), João moveu uma ação contra a gravadora EMI, que detém os direitos sobre os fonogramas da Odeon.
A pendenga perdura até hoje e por conta disso aqueles três discos fundamentais – “Chega de Saudade” (1959), “O Amor, o Sorriso e a Flor” (1960) e “João Gilberto” (1961) – não podem ser reeditados em CD.
Esse lançamento britânico, segundo a assessoria da EMI no Brasil, não é oficial e a gravadora “já acionou seus advogados para tomar as medidas cabíveis”. As informações são do Jornal da Tarde.