Anna Muylaert não para. Agora mesmo ela finaliza a série As Canalhas, na GNT, e escreve o roteiro do novo longa de Cláudio Assis, Piedade. O título refere-se ao bairro – à praia – do Recife, e ao mesmo tempo aponta para um mundo de conflitos violentos, onde faltam justamente compaixão e piedade. As Canalhas poderia ter originado um bate-boca, porque uma diretora da GNT veio a público falar mal da série. Ficou falando sozinha, porque não houve réplica para suas críticas à suposta falta de qualidade da série. Você pode incrementar o debate, ou pelo menos conferir se tem cabimento, assistindo nesta segunda-feira (24) ao episódio Roberta, sobre uma Don Juan gay.
Mas o que você deve fazer – é uma sugestão, claro, não uma ordem – é assistir a Chamada a Cobrar. Como telefilme – e com o título de Para Aceitá-la Continue na Linha -, o projeto já integrou a programação da TV Cultura. Anna até já fez outro telefilme depois, e na própria Cultura, que já foi ao ar. O outro ficou de bom tamanho, e Anna tem o maior orgulho da história de Além de Tudo me Deixou Mudo o Violão, título que sai da Rita, de Chico Buarque. Já o caso de Chamada a Cobrar foi diferente. “Durante a realização de Para Aceitá-la, eu já sentia que estava sacrificando o melhor da produção e que foi uma coisa não planejada. Surgiu por acaso.” Ela tinha uma história, um roteiro, sobre essa mulher que recebe uma chamada a cobrar, e é de um criminoso que a ameaça com o sequestro relâmpago de uma filha.
Ocorre que Ana filmou (em digital) com uma diva do teatro paulista, Bete Dorgam. Ao vê-la na peça El Dia Que Me Quieras, Anna decidiu que precisava filmar com aquela mulher maravilhosa. A parceria concretizou-se em Para Atendê-la e a diretora ensaiou, durante duas semanas, a relação da protagonista com as filhas. O ‘criminoso’ foi mantido à parte, e só falava com ela por telefone, como na trama. Em busca do ator para dar voz ao personagem, Anna testou – por telefone – vários integrantes do grupo Voz do Morro, do Rio. Não havia essa coisa de se apresentar, como vai? Os caras pegavam o telefone berrando, e intimidando. O mais impressionante deles foi Pierre Santos, que ganhou o papel. Ao vivo, o cara é super gente boa, é o protótipo do bom moço e não é, fisicamente, intimidador. No telefone, era outra coisa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.