Aramis Chain, livreiro e professor de história, é um sujeito que tem vocação para educar. Há vários anos vem realizando palestras, em escolas públicas e privadas, sobre temas variados de conscientização sem nada cobrar.
No outro dia eu disse a ele: ?Em Almirante Tamandaré-PR, existe a Escola Estadual Professora Terezinha Elisabete Kepp, localizada no bairro São João Batista. Os estudantes reclamam do desemprego, do tráfico de drogas, do desprezo em que vivem, devido a diversas ausências: a falta de tratamento do esgoto que corre a céu aberto, a falta de asfalto nas ruas, a falta de uma creche, a falta de uma farmácia e de um hospital, a falta de um módulo policial e policiamento nas ruas, a falta de ônibus no interior do bairro, obrigando os idosos com dificuldades de locomoção a terem que buscar um ponto na rodovia, a falta de uma quadra de esportes, entre outros?.
Diante dessa situação, Chain resolveu conhecer a realidade da escola e falar com os alunos. No dia 26 de abril de 2007, turno matutino, realizou três palestras sobre o tema Nossa identidade. Frisou que a libertação de uma comunidade ou de uma nação ocorre pela leitura: ?O conhecimento que o livro proporciona é uma arma contra os poderosos, que nada querem em prol do social?.
No decorrer das palestras, livros foram entregues aos estudantes, conforme a participação e o entendimento dos discentes, além da doação de inúmeros livros e um mapa do Paraná à escola. Mas Chain ficou chateado em constatar que, além do bairro, a escola também apresenta deficiências, ou seja, há falta de uma sala dos professores, pois dividem o espaço com uma minibiblioteca, onde são realizadas as refeições e as horas-atividade, a falta de uma quadra para a prática de educação física, lousas com falhas, goteiras, e por aí vai… Chain foi enfático: ?O pessoal da Secretaria da Educação deveria conhecer o dia-a-dia do professor?.
Jorge Antonio de Queiroz e Silva é palestrante, pesquisador, historiador, professor. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.